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Quando o amarelo sai do céu, enviam a cor para as casas…
| Foto:
Diego Pisante/Gazeta do Povo
O sol e a luz: o amarelo.

Les Murray é um sujeito que escreve tão bonito em inglês que qualquer coisa que eu tente traduzir dele vai sair manco (culpa dele, um pouco, e muito minha, óbvio). Mas, mesmo assim, quero ver se ponho alguma coisa dele em português, até por não haver dele nenhum livro oficialmente traduzido por aqui.

Esta semana, escolhi esse poema que vai abaixo. As duas primeiras estrofes são mais simples. Depois de dar pensadinha, você descobre fácil que o “amarelo” é a luz, e tudo fica tranquilo. As duas estrofes finais, porém, são bem difíceis de entender.

Eu, pessoalmente, acho que, como a segunda estrofe termina falando em ir dormir e sonhar (“respirar aquarelas”), parece que no resto do poema o sujeito está sonhando. Alguém aí tem outra explicação?

O vazio cortado

Quando o amarelo deixa o céu
é enviado para as casas
para seguir fazendo vermelho
e morno e floral e marrom
mas aos poucos as pessoas cansam disso
devolvem-no pelo metal, e vão
ser escuras e respirar aquarelas.

Algum amarelo continua lá fora
abandonado, amarrado a postes.
Carros perseguem seu próprio suprimento.

Quando nós descemos ao vazio
debaixo das nações tempestuosas
a luz lá era difundida a partir
de vagos lugares de vidro nas árvores
e as cores eram úmido e zinco,
submersas e expostas ao tempo e ao líquen
com corredores negros e a tristeza dos álamos brancos.

O único amarelo por lá
eram pequenas ondas de manteiga fresca
como se servidas em aço inoxidável
num café do pós-guerra: flores de canela,
cristal leve com línguas mergulhadas em cominho,
montanhas de manteiga em flores de canela,
verdes, ainda molhadas de orvalho.

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