Ok, o título foi para chamar a atenção mesmo. Não é que o diretor esteja de fato rodando uma sequência do filme. Mas, sim, que Allen fez um filme muitíssimo parecido com “A Rosa Púrpura do Cairo”.
Fui assistir a “Meia-Noite em Paris” e fiquei impressionado com as semelhanças entre as duas histórias. Primeiro, e mais obviamente, porque as duas tratam de fugas da realidade.
No filme de 1985, a personagem de Mia Farrow decidia que a vida real era chata demais perto da vida que ela via no cinema. No filme novo, personagem de Owen Wilson decide que a vida dele é muito chata comparada com a vida do passado.
No caso de Mia Farrow, a personagem é atormentada por um marido machista que não entende a sua necessidade de ter sonhos, de imaginar uma vida mais romântica. A mulher do personagem de Owen Wilson acha que ele é só um shonador “apaixonado por uma fantasia”.
Mia Farrow encontra sua escapatória na arte: na arte de que ela mais gosta, o cinema. Gil Pender, o personagem de Owen Wilson, escapa também pela arte: pela arte que mais gosta, a literatura da Paris do início do século 20.
As duas histórias, aliás, se passam mais ou menos na mesma época, no período entre guerras.
Nos dois casos, porém, os personagens, depois de ter acesso à sua “vida dos sonhos” percebem que existem problemas também por lá. E que o lugar de fuga deles na verdade não era igual àquilo que eles idealizavam.
Woody Allen sempre falou que “A Rosa Púrpura” é um de seus filmes prediletos. Acabou fazendo outro quase igual. Mas, acho eu, ainda melhor do que o original.
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