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Cheiro de infância…(LXVII)
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Para realizar maior parte das coisas que desejamos, precisamos recuperar a magia da infância, precisamos recuperar o Mago que há dentro de nós, e fazer valer a crença de que confiando exclusivamente em nós mesmos, podemos ultrapassar qualquer fronteira!
(Augusto Branco)

Conversando com meu filho…

Estamos em fevereiro de 2005, Antonio está com 3 anos e um mês.

“Filho, você tem um vocabulário bem completo.
Conversa bem e conta histórias que nos faz morrer de rir.
Palavras como:
“Mabalarista, fóssaro, gananapo, engaçado, veidi caro, olelha, maitelo” são apenas algumas que compõem esta divertida lista.

Existe um esforço da sua parte para tentar pronunciar corretamente e como toda mãe coruja, acho lindo!

Hoje fizemos uma tenda com lençóis na minha cama.
Foi divertido ficarmos assistindo TV em baixo dela.

Agora, enquanto tento escrever, você pula em cima de mim, me morde, me dá beliscos até que eu pare para voltarmos a brincar.
Temos um código secreto para iniciarmos nossa brincadeira.
Geralmente você provoca chamando-me:
“-Feia!”
Eu finjo que fico brava, paro o que estou fazendo e começo a fazer cócegas em você!

Quando já está quase sem fôlego de tanto rir, me diz:
“-Linda, maravilhosa, querida, minha amiga e eu te amo!”

Então paro tudo, te encho de beijos para você dizer “Feia” e começarmos tudo de novo!

Hoje também é aniversário da sua prima Mariana, ela faz 19 anos…O tempo passa muito rápido.”

Lições que aprendi…

Brincadeiras de crianças, como não lembrá-las?

Antonio até hoje me chama de “feia” esperando que a brincadeira retome.
Sai correndo para que eu não o pegue e comece a “massacrá-lo” em cócegas!

Às vezes fazemos campeonato para saber quem é o mais engraçado.
Rimos de nós mesmos por tantas bobagens que falamos!

Brincadeiras que ficarão registradas pelo resto de nossas vidas.
Serão nossas marcas nas memórias de nossos filhos junto a tantas outras que eles também experimentarão.
Como as que tenho guardadas com carinho por tantos anos…

Há poucos dias tive a feliz oportunidade de relembrar uma destas mágicas memórias que vivi num quintal enorme em Primeiro de Maio.
Coisas boas e outras nem tão boas assim mas que fizeram-me guardá-las
Começarei a contar a “não tão boa assim”…

Teve uma noite que eu levei umas chineladas da minha mãe só porque fiquei brincando neste quintal até “tarde”.
…Minha mãe foi me “achar” umas 9 horas da noite.
Imagine.
Numa cidade pequena, eu com 8 ou 9 anos, sumida até aquela hora!!

Quando criança, não vemos o tempo passar e naquele dia eu realmente perdi a noção da hora.
Minha mãe dava-me uns chacoalhões pelo braço, falando um monte, dando-me a bronca que ela achava que eu merecia.

Na época, o muro que rodeava todo o quintal da casa era baixo e eu, olhava para o quintal e via a família lá, conversando normalmente e naquele momento, não sabendo da minha aflição e temores, não poderia intervir nem me socorrer…

Eu, olhava para o alto daqueles flamboyants, que com seus enormes galhos desenhavam o céu, e vinha mergulhada em orações pedindo ao meu anjo da guarda que ficasse no meu lugar e que por favor, minha mãe se acalmasse e não me batesse…Em vão! Apanhei mesmo assim!

Lembro-me de olhar apaixonada para o penal cheio de lápis de cor que uma das meninas que morava naquela casa tinha.
Nos reuníamos em times para brincar de “bola queimada”, éramos muitas meninas brincando juntas.
Lembro-me que uma das “capitãs” sempre me escolhia para o time dela.

Eu era miudinha, mas impossível de ser “queimada” e conseguia pegar cada bola forte que o rebate dela no meu peito ressoava até os meus ouvidos!
Tenho vários dedos “destroncados” por conta das “queimadas”.
Eles inchavam, doíam, mas eu posava de heroína do time.
Tinha maior orgulho que este?

E assim vou juntando minhas doces lembranças ao cheiro que eu sentia ao entrar na biblioteca daquela casa.
Havia uma estante enorme cheia de livros com muitas histórias para contar.
E o aroma que persistia naquele ambiente devia ser do tipo de madeira que a estante havia sido feita. Talvez…

No quintal, brincávamos de circo e improvisávamos os números nos balanços e nos cômodos da casa que passava por reformas.

Mas o cheiro da madeira daquela sala impregna meus sentidos até hoje.
E, por alguns dias, deixei-me anestesiar por estas lembranças tão boas…

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