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Hanna Baptista

Gabriela em sessão de equoterapia

Fiquei realmente em dúvida sobre qual seria o primeiro tema sobre o qual eu me debruçaria. Quais as características que percebi em minha filha que me levaram a procurar um profissional de saúde? Como os pais se sentem com o diagnóstico? Como é meu dia-a-dia com minha pequena? “Antes e depois” das terapias? Mas acho que escolhi o tema sobre o qual as pessoas mais têm me perguntado: equoterapia.

É isso mesmo, equoterapia. Eu mesma não sei ao certo porque o tema causa tanta curiosidade. As perguntas são as mais diversas: se eu não tenho medo de colocar minha filha em cima do cavalo; o porquê ela faz equoterapia se a parte motora dela não é afetada; se eu notei alguma diferença dela praticando a referida terapia; se a minha anjinha gosta de montar a cavalo etc.

Bom, em primeiro lugar, eu fiquei, SIM, morrendo de medo a primeira vez que fui colocá-la em cima do cavalo. Lembro que meu coração veio até a boca. A Gabriela, contudo, me surpreendeu e assim que a coloquei montada sobre o animal, ficou tranquilamente posicionada. Não tem como não sentir medo ao ver seu filho montar.

Quando o frio na barriga batia (e, de vez em quando ainda bate), eu respirava fundo e pensava: de um lado dela está a psicóloga, e de outro o tratador; o cavalo é manso; tem uma equipe acostumada a fazer esse trabalho. Respirava fundo e aos poucos, fui ganhando mais confiança. E é essa a questão: acho que é mais difícil para os pais criarem segurança do que para os anjos azuis.

Inicialmente, quando indicaram a equoterapia eu não via um real motivo, pois achava que era um trabalho apenas para lidar com a parte motora, o que definitivamente não era uma questão preocupante no caso da minha Gabizinha. Ledo engano. Equoterapia é muito mais do que a gente pensa.

Profissionais da área de saúde entendem que a Equoterapia propicia o alcance de efeitos terapêuticos de quatro ordens:

(1) melhoramento da relação: considerando os aspectos da comunicação, do autocontrole, da autoconfiança, da vigilância da relação, da atenção e do tempo de atenção;

(2) melhoramento da psicomotricidade: nos aspectos do tônus, da mobilidade das articulações da coluna e da bacia, do equilíbrio e da postura do tronco ereto, da obtenção da lateralidade, da percepção do esquema corporal, da coordenação e dissociação de movimentos, da precisão de gestos e integração do gesto para compreensão de uma ordem recebida ou por imitação;

(3) melhoramento de natureza técnica: facilitando as diversas aprendizagens referentes aos cuidados com os cavalos e o aprendizado das técnicas de equitação;

(4) melhoramento da socialização: facilitando a integração de indivíduos com danos cognitivos ou corporais com os demais praticantes e com a equipe multidisciplinar.

Justamente por todos esses benefícios a Equoterapia destaca-se como terapia fisioterápica fundamental na recuperação de pacientes com deficiência de desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais, comunicativas e sociais (em destaque o Transtorno de Espectro Autista). Nesse sentido, já aplanou COPPETI, em esclarecedora manifestação:

Dentre as terapias que buscam melhorar o desenvolvimento motor e cognitivo aEquoterapia é única na qual o praticante tem o movimento do cavalo o qual chamamos de movimento tridimensional, semelhante ao do ser humano, estimulando a movimentação ativa do praticante por meio da movimentação do animal (COPETTI, 2007).

A utilização do cavalo para tratamento, além de sua função cinesioterápica, produz participação no aspecto psíquico, favorecendo a reintegração social. Na literatura encontra-se descrito que o autista facilita o trato com os animais por haver uma semelhança em seus comportamentos (GRANDIN E JOHNSON, 2005). Segundo pesquisas na área, pessoas que sofrem Transtorno do Espectro Autista, além de melhorarem sua motricidade através da Equoterapia, manifestam-se emocionalmente com o cavalo através do toque e da expressão facial, obtendo melhora na área afetiva (GARRIGUE et al,1999; SCHULZ, 1997).  Outrossim, é comprovado que tal tratamento promove nos referidos pacientes melhora na percepção auditiva, visto que em nível sensoperceptivo o cavalo irá contribuir na estimulação dos sistemas vestibular, somatossensorial, proprioceptivo, visual e auditivo.

Se eu notei diferença de minha filha após a prática da equoterapia? Sim. E muita. Um dos fatos mais interessantes foi a relação dela com animais. Antes ela os ignorava, e hoje ela tem uma gatinha que ela abraça e faz carinho. É sempre bom lembrar que nenhum tratamento funciona sozinho, sendo que o trabalho com autistas deve ser sempre multiprofissional.

Caso você tenha alguma história legal de seu filho fazendo equoterapia ou alguma sugestão para um próximo post, mande uma mensagem para mim (https://www.facebook.com/advocacia.baptista;https://www.facebook.com/baptista.hanna; hannabaptista@gmail.com; hannabaptista@lawyer.com)! Vou ficar feliz em saber, e a sua história pode ajudar alguém. Lembrando sempre que seu plano de saúde deve custear esse referido tratamento, mesmo não sendo um tratamento constante no rol da Agência Nacional de Saúde.

Beijos e até o próximo post!

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