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Imagem fornecida por Google Imagens sem restrição de uso.| Foto:

Dieta GF/CF ou SG/SC ou “sem glúten e sem caseína” é, sem dúvida, a dieta mais conhecida aplicada a crianças autistas. Se você procurar sobre a fundamentação de tal dieta, vai encontrar que a questão está no fato da má digestão dos peptídeos do Glúten e da Caseína. Ou seja, defensores da dieta acreditam que autismo, ou certos sintomas do autismo, podem estar ligados (dentre outros fatores) à incapacidade da pessoa em quebrar os peptídeos do glúten e da caseína. E quando eu li isso nas pesquisas pensei: Interessante, mas o que são peptídeos? Seriam biomoléculas formadas pela ligação de aminoácidos através de ligações peptídicas. Entendeu? Eu também não!

Quebrei minha cabeça para entender o que era, e depois quebrei mais um pouco para saber como explicar. Bom… Vamos partir de um ponto mais comum: proteínas. Nós sabemos que precisamos de proteínas para viver, correto?! Correto. Onde encontramos essas proteínas? Nos alimentos. Só que a gente fala em proteína e não se dá conta que existem diversos tipos de proteína. Glúten e Caseína são proteínas!

A proteína é formada por uma união de outras coisas menores que ela, que seriam os aminoácidos. O que são aminoácidos? Para nós, no momento, pouco importa o conceito de aminoácidos, senão vamos ter aqui um flashback de anos de Biologia aprendidos no colégio. O importante agora é saber que a proteína é formada por aminoácidos. Por sua vez, esses aminoácidos não podem ficar soltos para formar a proteína. Eles têm que se ligar de uma forma, estar grudadinhos. Uma dessas formas de ligação é o que se chama de “ligação peptídica”. O que é ligação peptídica? Não importa agora! Mas o fato é que, se há ligação dessa forma, chamamos esses aminoácidos de peptídeos. Então para nós, entende-se peptídeos como algo que forma algumas proteínas.

Então, basicamente, quando você ler um texto sobre dieta sem glúten e caseína e lá estiver algo sobre os peptídeos, entenda que o que se está falando é que, para algumas pessoas, quando essas proteínas (glúten e caseína) chegam à barriguinha, o organismo não dá conta de processar, de digerir. É basicamente essa a questão. E essa incapacidade de processar essas proteínas, que ficariam lá meio que boiando no organismo, afetariam os neurotransmissores do sistema nervoso central. Aí é interessante mencionar que esses peptídeos, que não são quebrados para serem corretamente digeridos, possuem estrutura química semelhante à opiáceos. Opiáceos, por sua vez, são substâncias derivadas do ópio. Como exemplo de opiáceos com estruturas semelhantes às desses peptídeos, poderíamos citar a cocaína e heroína. Aí dá para começar a ter uma noção do quiproquó que vai dar essa falta de quebrar os tais peptídeos!

Se o peptídeo não for quebrado (ou seja, se as proteínas glúten e caseína não forem corretamente digeridas), vai acontecer o quê? Processo inflamatório intestinal e permeabilidade intestinal. Alguns textos citam ainda processo inflamatório sistêmico como resultado final. Ainda, os peptídeos que ficam lá sem serem quebrados causam distúrbios de ordem psíquica. Há crianças que ficam como que viciadas nesses alimentos. Seria, pelo que eu entendi, quase como um vício em uma droga.

A ideia é que autistas, ou grande parte deles, teriam alterações biológicas intestinais, sendo que haveria incapacidade de quebrar esses peptídeos durante a digestão.

São sintomas que alguns pesquisadores têm aliado à dieta sem glúten e caseína: andar na ponta dos pés, transtornos sensoriais, alucinações, incômodo em cuidados básicos (cortar unhas, escovar ou cortar cabelos, escovar os dentes), maior tolerância à dor

Onde tem glúten? Saber isso é fácil, porque hoje, em toda embalagem, é possível ver se o alimento tem glúten ou não. Já com relação à caseína, ela é a proteína que se encontra no leite. Ou seja: tudo que tem leite tem que ser cortado nessa dieta. E cuidado. Não confunda “sem lactose”, com “sem caseína”. Tem que ler o rótulo para ver se o produto que não tem lactose também não tem caseína.

Ainda, é preciso cortar da alimentação: álcool de cereais, temperos industrializados, produtos com caseína e caseinatos, trigo, aveia, cevada, malte, centeio e proteína vegetal. Alguns médicos e nutricionistas pedem para cortar soja também.

Não adianta fazer a dieta por uma semana. Os médicos orientam que deve fazer por no mínimo 12 meses. Os médicos e nutricionistas dizem que demora uns 3 a 4 meses para sentir as primeiras diferenças de comportamento.

No site da Schär, há uma entrevista com a Dra. Georgia Meneses Fonseca, em que ela declara:

A restrição de glúten e caseína da dieta de pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo tem obtido grande aderência e aprovação de pais e cuidadores que observam a melhoria dos sintomas autísticos destes pacientes. Os estudos clínicos realizados com a dieta livre de glúten e de caseína nestas crianças demonstraram uma melhora no nível cognitivo não verbal, melhora na linguagem, diminuição dos problemas motores, diminuição do alheamento, aumento das habilidades de comunicação e de contato social e diminuição do comportamento estereotipado e agressivo.( 10, 11, 12, 13). Um dos melhores trabalhos sobre isto foi um estudo randomizado durante 24 meses de aplicação da dieta feito em 2010 por pesquisadores britânicos e escandinavos em 74 crianças com autismo de 4 a 10 anos avaliadas por diversas escalas de avaliação para comportamento social e desempenho cognitivo, que revelou melhora significativa nos escores obtidos no grupo em dieta livre de glúten e de caseína.

No link “https://www.youtube.com/watch?v=poxteia-WD0” você encontrará uma palestra da Dra. Priscila Spiandorello, que fala sobre o tema.

Ainda, sobre essas questões há uma interessante palestra da Dra. Claudia Marcelino no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=WEhsY8YT60k

Você está fazendo a dieta com seu filho? Deu resultado? Como está indo? Quais foram/são suas dificuldades? Não concorda com a dieta? Tem algo a corrigir ou complementar? O espaço está aberto! Mande sua opinião!

Dando continuidade à nossa sequência de postagens sobre TRATAMENTO BIOMÉDICO, na próxima quinta-feira (02/02) estaremos abordando o tema da detoxificação.

Grande beijo!

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