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Carta ao José Fernando
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Oi filho!

Sei que, quando você conseguir ler esta carta, toda essa tempestade terá passado. O Bento e o Miguel já serão uma realidade estabelecida em nossas vidas e essa sua crise de birra dos dois anos será só uma lembrança. Mesmo assim, resolvi te escrever. Porque eu sei que todos os eventos de hoje, mesmo que virem construções na sua memória apenas por causa do que contamos, vão te marcar de alguma maneira e influenciar na pessoa que você virá a se tornar.

Seria ótimo filho se eu tivesse certeza que você consegue entender tudo que eu tento expressar quando digo que te amo, que você é a minha luz e que tudo sempre vai ficar bem. Assim, eu não me culparia tanto pelas lágrimas que você derrama todas as manhãs na hora de sair de casa para ir à escola e não ficaria aqui me questionando se o febrão que você teve na quarta-feira não foi uma forma que encontrou de ganhar total atenção minha e do seu pai. Também não ficaria com a cabeça cheia de caraminholas sobre como você vai receber os seus irmãos.

Sobre os irmãos. Vai ser um baque filho, eu sei. Já fui filha única e quase com a sua idade tive de aprender a dividir as atenções com o outro. Não me lembro muito dessa época, mas não deve ter sido fácil compreender que a partir daquele momento eu teria de dividir pai e mãe com aquele ser pequenino que não falava e não sabia brincar — e que me desbancava da categoria bebê da casa. Mas se foi dolorido entender isso, passou. No fim, ficaram as coisas boas sobre ter um irmão.

E olha que sortudo você é, José: terá dois irmãos de uma só vez. Dois meninos que logo vão crescer o suficiente para que possam dividir as brincadeiras e as risadas com você e te olhar com aquele olhar de admiração que os irmãos mais novos têm pelos mais velhos.  Dividir a atenção da mãe e do pai também será bom. Pode parecer um absurdo o que estou falando agora, mas no futuro vai me dar razão.

Para começar, nem todas as expectativas da família estarão sobre você e as decisões poderão ser compartilhadas. Sem contar que você terá mais duas pessoas da sua geração com quem dividir opiniões e gostos — e com quem se unir na hora de argumentar e tentar nos convencer de algo. Por fim, irmãos podem se tornar amigos para a vida toda. Amigos que o tempo e a distância nunca separam.

Então, meu pequeno, não precisa de toda essa birra e essa manha, que parecem só revelar o medo que você está sentindo de tudo que vem por aí. Muita coisa vai mudar, mas para melhor. Tudo vai ficar bem, você verá. E mesmo depois da chegada dos seus irmãos, você continuará a ser a luz da minha vida, o meu amor e nada vai mudar isso.

Um beijo enorme da mamãe!

Te amo

 

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