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Nick Danton, CEO da Gawker, uma empresa basicamente de blogs nos Estados Unidos, disse em 2011 que a blogosfera não existia mais, pois não havia mais distinção entre blogueiros e jornalistas. A polêmica afirmação reacendeu o debate sobre as novas e velhas mídias na época, e também ontem, quando serviu de motivação para um painel na Campus Party 2012, em São Paulo. Apesar de o tema ser grande demais para conclusões absolutas, a discussão mostrou que há muito mais oportunidades de as mídias aprenderem entre si do que problemas de concorrência.

Para Julio Alonso, fundador e diretor geral da Weblogs LS, maior rede de blogs em espanhol do mundo, a competição entre as novas e tradicionais mídias existe no mercado, mas isso não impede o aprendizado mútuo. Entre os diversos itens que elencou em sua palestra, um dos mais relevantes, na sua própria opinião, é o relacionamento com a audiência. “Hoje é melhor até falar em comunidade, e não audiência. Eles compartilham seu conteúdo, podem enriquecer seu produto e querem participar”, diz.

Outro grande aprendizado seria no nível das especializações. Não é possível fazer bem tudo, diz Alonso. O veículo deve focar no que faz bem, e buscar soluções para o resto. Seja enviando links, até mesmo para possíveis concorrentes, ou desenvolvendo produtos de nicho que desempenhem bem esta função.

Alonso também diz que não vê problemas no futuro do jornalismo, mas sim dos jornais. “As estruturas dos jornais que existem hoje são insustentáveis em modelos de negócio futuros. Talvez seja necessário diminuir para sobreviver, criar coisas menores, mais enxutas e ágeis”, diz.

Publicidade

Para Carlos Merigo, editor do Brainstorm 9, um dos mais importantes blogs sobre publicidade na internet brasileira, a própria distinção entre mídias novas e tradicionais já é superada. “Cada vez mais as coisas estão se complementando. Então já não dá mais para separar dessa forma”, explica.

Em termos de publicidade, Merigo acredita que jornais e grandes veículos podem aprender a testar novas tecnologias. “Se der certo, legal. Se não, tira do ar. É necessário agilidade, e não níveis e níveis de aprovação. A internet possibilita esses recuos, coisa que no impresso não seria possível”, diz. “Hoje vemos veículos e marcas trazendo inovações para as agências de publicidade, quando antes era o contrário. Acho que a publicidade está aprendendo com isso para o futuro”, completa.

Blogs

Pedro Burgos, editor-chefe do blog Gizmodo, uma das referências no mundo das publicações sobre tecnologia, diz não acreditar no fim da blogosfera, mas vê um processo de profissionalização. A distinção entre blogueiros e jornalistas, conta, sempre vai existir na formalização de um e de outro. No entanto, há a necessidade de equilibrar a descontração dos blogs com a responsabilidade do jornalismo.

Merigo também não acredita que a blogosfera chegue ao fim. “Disseram que o rock ia acabar em 1960, e está aí até hoje”, justifica. Mas também vê um nítido processo de profissionalização. “Ao mesmo tempo em que vemos jornalistas blogando, vemos blogueiros em veículos de comunicação. Hoje o que interessa é a capacidade de se produzir bom conteúdo, independentemente do título que vai ter no seu cartão de visita”, defende.

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