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Escola Estação Cultura
| Foto:
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Ao retomar as atividades escolares depois de um tempo de férias, uma ambiguidade de sentimentos se misturam: a alegria do reencontro presencial com os amigos, a expectativa em relação aos novos professores e seus conteúdos, mas também a dificuldade em voltar a um ritmo do dia a dia e a uma rotina de estudos. Inevitável perguntar e, por vezes, solicitar uma produção sobre o se que fez nesse tempo livre, afinal, quem não se lembra da redação ou do desenho “minhas férias”.

No entanto, nesse intervalo de tempo, como em qualquer outro que nos separa dos muros da escola, os encontros e as aprendizagens continuam. E é nesse espaço da educação informal que importantes saberes e competências se constroem, mas que nem sempre dialogam ou são considerados pela escola. E isso me leva na Escola Estação Cultura, conceito que trabalhei em uma pesquisa em 2006. A Escola Estação Cultura pode ser entendida como um polo irradiador de diferentes possibilidades de práticas culturais, educativas, éticas e estéticas que propiciam outro tipo de envolvimento e participação dos estudantes-escola-família-comunidade no contexto mais amplo da cultura.

Essa ideia Escola inspirou-se na Estação Memória, um espaço em que a sabedoria acumulada pelos mais velhos interroga os repertórios dos mais novos buscando possibilidades de expressão, interação e reconhecimento, como diz Edmir Perrotti. Só que a Escola Estação Cultura seria marcada pelo duplo papel de lugar de ensino e também de acesso, criação e transformação de cultura, valorizando a pluralidade das experiências cotidianas, formais e informais. Esse espaço propiciaria diversos encontros para além da convencional sala de aula, abrindo-se para as perspectivas da mídia-cultura, da inclusão social e digital e da cidadania no sentido de pertencimento social e instrumental.

Ao abrir-se para as mais variadas culturas na perspectiva da mídia-educação – a cultura das mídias, a das ruas, a erudita, clássica, a moderna, a contemporânea em suas mais diversas manifestações, a escola poderia aproximar-se de outras os espaços da cultura, tais como aqueles do tempo livre como possibilidade de ressignificá-los a partir das aprendizagens que permitem construir. Com isso, o espaço escolar se abriria para outras produções culturais e midiáticas em diálogo com os currículos escolares, tais como a apreciação e produção de audiovisuais, de web rádio, jornais impressos ou digitais, mostras fotográficas, jogos e muitos outros, sempre com a possibilidade de reflexão crítica e criação.

Imaginar a Escola Estação Cultura pode significar a possibilidade de praticar o conceito de multiliteracies ou das múltiplas linguagens como usina de significação, em que as experiências de aprendizagens formas e informais que atravessam as fronteiras da escola possam significar experiências de interação, conhecimento, aprendizagem, cidadania e participação na cultura. Por que não?

>> Monica Fantin é Doutora em Educação, Professora do Curso de Pedagogia da UFSC e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa Educação e Comunicação, PPGE/UFSC. Confira seu blog aqui.

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