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(Foto: Na Lata)
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No contexto da educação, muito se tem discutido sobre a ideia de que as escolas especiais separam o aluno com deficiência do mundo e da sociedade. No passado, essa era uma realidade, até pela localização isolada em que as instituições ficavam. Entretanto, cada vez mais os profissionais têm se esforçado e usado o máximo de sua criatividade para trazer novas práticas para dentro das instituições, bem como levar o aluno até projetos que propiciem a socialização. Este artigo tem como objetivo valorizar essas ações e apresentar para as famílias a importância de inserir a pessoa com deficiência nas práticas sociais.

Pelas dificuldades financeiras e de locomoção, grande parte dos alunos das escolas especiais filantrópicas e governamentais não têm a possibilidade de conhecer a cultura local ou estrangeira, não têm chance de apreciar esportes diferentes ou mesmo de degustar de um paladar novo. A Escola Especial Agrícola Padre José Anusz, situada na região rural de Araucária, é um exemplo na realização de práticas inovadoras que criam essas oportunidades e abrem um novo mundo aos alunos. A instituição trabalha com estudantes acima de 14 anos que têm múltiplas deficiências. Apesar da localização isolada, ela já promoveu, por exemplo, festa indiana para que os alunos tivessem a oportunidade de conhecer a música, a dança e os jogos do país. O grupo teve também a oportunidade de aprender um pouco da cultura indígena e árabe. Os profissionais fizeram um apanhado dos costumes, conseguiram vestimentas e proporcionaram um belo momento aos alunos. Além disso, mesmo com as dificuldades motoras, os estudantes puderam participar de atividades de artes marciais, como o Karatê.

Outras instituições de ensino trabalham com a inserção de alunos nas rotinas sociais, o que é bastante importante. Os meios para isso são os mais variados: alunos (adultos e crianças) que visitam uma praia pela primeira vez, acampam num quartel general, conhecem museus e vão ao cinema, por exemplo. É como diz uma mãe da Escola Especial de Curitiba, que ilustra vários depoimentos já recebidos por nós da ASID: “Os passeios mostram (ao meu filho) um mundo novo, onde ele conhece novas realidades. É muito importante porque muitas vezes nós não podemos levá-lo e não temos como cuidar dele, mas com a equipe da escola isto é possível”.

Esse tipo de prática com certeza exige mais dos profissionais, que precisam ser preparados para as atividades, e existe sim uma grande dificuldade em encontrar voluntários para tais ações. Porém, todos esses projetos são de grande valia para o bom desenvolvimento do aluno com deficiência e, apesar de todas as dificuldades, devem ser incorporados à rotina escolar.

Cabe ainda mais um alerta: muitas vezes, a sociabilização da pessoa com deficiência fica apenas a cargo da escola, que não tem o papel de assumir toda esta responsabilidade. Claro que por diversas questões, incluindo financeiras, a família tem dificuldade em levar os filhos para passeios que envolvam custo. Entretanto, há atividades mais simples, como um passeio num parque, num shopping ou em qualquer outro local que venha a se configurar como uma rotina social, que podem ser feitas. A família precisa superar a inércia e valorizar essas atividades que, além de beneficiar o desenvolvimento da pessoa com deficiência, são uma excelente maneira de reduzir o preconceito que a sociedade tem. Felizmente, cada vez mais vemos pessoas com deficiência frequentando locais como esses, porém, ainda em número reduzido.

>> Este artigo foi escrito por Alexandre Schmidt de Amorim diretor de Projetos e fundador da ASID(Ação Social para Igualdade das Diferenças) ONG que trabalha para melhorar a gestão das escolas de educação especial gratuitas, resultando na melhoria da qualidade do ensino e na abertura de vagas no sistema.

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