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Um retorno à amizade por correspondência
| Foto: Imagem de Freepik

Por meio das cartas, uma grande parte da nossa história ficou registrada. Sabe-se que as primeiras foram escritas em um material chamado papiro, isso muito antes da existência da bíblia. Também não se deve deixar de mencionar as formas de circular até chegar ao destino final que eram através de pombo-correio, navio, cavalo e, por fim, o correio.

Com o avanço tecnológico tudo isso mudou; os computadores e a internet ocuparam todo o espaço e o e-mail é a nova carta do momento, sem mencionar aplicativos de mensagens nos quais, se uma pessoa demora alguns segundos para responder, parece que a rejeição toma conta, abrindo um vazio sem explicação nessa geração em que tudo parece andar na velocidade da luz.

Provavelmente a geração X, que na grande maioria são os pais desses adolescentes do Ensino Médio atual, sabe como foi a emoção de receber uma carta e também lembra quanto tempo ela demorava para chegar. Na época, lidar com a espera parecia ser normal; hoje um e-mail é praticamente instantâneo.

Mas então, o que isso tem a ver com a sala de aula? Pois bem: um desafio foi lançado a uma sala, na qual cada estudante devia escrever uma carta em Inglês para um outro estudante, em outra cidade, sem saber quem era, contando seus anseios, seus gostos, suas angustias, enfim; algo que demonstrasse amizade, interesse e empatia para receber a resposta da carta.

Deu certo? Absolutamente! As cartas foram, as respostas voltaram em uma semana. E a alegria em conversar com alguém sem ao menos saber seu nome, descobrindo que os sonhos, as angústias, os medos, os estilos musicais eram praticamente os mesmos e ter tudo isso em pleno século XXI é incrível, não? Esse é o papel da escola: transformar vidas e fazer os jovens entenderem que as fases passam, tanto as boas quanto as ruins. Saber lidar com tudo isso é difícil, mas se aprende.

Posteriormente, o encontro entre as salas foi marcado de forma presencial e, através das características enviadas pelas cartas, os alunos puderam encontrar seu par, conversar e, caso alguém não encontrasse, as professoras tinham um controle por números para auxiliar a atividade. Desse encontro saíram amizades para a vida que, se não fosse pelas cartas, nunca teriam tido essa oportunidade.

Essa atividade foi um resgate de algo que hodiernamente é quase impossível acontecer. Resgate esse que se faz pensar sobre como tudo evoluiu tão rápido, em um piscar de olhos. Além de praticar o Inglês, também foi trabalhada a educação socioemocional, que auxilia os jovens a gerenciarem seus próprios comportamentos e emoções e construírem relacionamentos respeitosos e saudáveis ao longo da vida.

Torna-se cada vez mais necessário desenvolver atividades que busquem transformar a vida desses jovens sedentos de conhecimento, mas que muitas vezes não o demonstram. Como educador, é preciso refletir, criar, inventar e reinventar para que o processo educacional seja algo muito amplo, que vá além da transmissão de conteúdo, que desperte o interesse do jovem e que o mesmo sempre reflita sobre suas ações.

Eliane Cataneo é Formada em Letras, atua como professora do Sistema Fiep na disciplina de Inglês e colabora voluntariamente com o blog Educação e Mídia.

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