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Não, não é protesto. É comemoração.
Não, não é protesto. É comemoração.| Foto:

Um telão no centro histórico da cidade e pessoas inteligentes e preparadas falando sobre…drogas. Não, minto. Falando sobre esperança e vida comum. Falando sobre otimismo e futuro. Agora sim, isto.

Moro em Curitiba há mais de 30 anos e a primeira coisa que me impressionou quando cheguei aqui foram as praças amplas e as filas organizadas dos ônibus. Depois os parques e as pessoas levando seus mantéis e os pássaros se aproximando para dividir as migalhas. Depois a noite de músicos e poetas, na Cruz Machado e na Saldanha Marinho. E os cinemas de rua, as sessões da meia noite. Ou seja, tudo o que me impressionou em Curitiba estava na rua, era a cidade mesma.

De lá para cá a cidade minguou, ficou menos convidativa, menos aberta. Há um medo rastejante impregnando tudo e até o palhaço da quinze perdeu a graça. Muitos refugiamo-nos na periferia, protegidos pelos muros dos condomínios e a cidade tornou-se uma obrigação de bancos ou cartórios e só.

Mas cidade é política. E política são políticos. Um governo que entenda que representa pessoas e lugares e também memórias e esperanças pode devolver um ar de graça às coisas.

E não precisa muito. Basta reidratar os poros da cidade suja, desentupir suas artérias esclerosadas e deixar a vida voltar a fluir. Aí o sol dá uma ajudinha e o que vemos? Povo nas ruas, os olhares ávidos de tanta novidade.

Não, não é protesto. É comemoração.

Não, não é protesto. É comemoração.

Lembro-me da campanha de 89, a cidade fervilhava e os estranhos não eram estranhos, pois todos éramos “companheiros”. Está bem que essa memória pode estar manchada de frustações acumuladas, mas o olhar de avidez e novidade está de volta. Tudo o que é possível acontecer, precisa da cidade. E viver, como vivi esta semana, uma cidade na qual a música abafa o ruído dos ônibus, o debate interrompe o dia e mobiliza o pensamento em plena praça, os grupos de teatro e dança colorem o corre corre e zum zum zum, a cidade ganha graça, fica cheia de graça. E a política, sempre a política, que é a compreensão da polis, a percepção de que há vida onde existir ar para ser respirado e lugar para ser chamado de “nosso”, espaço sentimentalizado por motivos que valham a pena combinar encontros  e visitar de novo, como o bom restaurante que nunca fica vazio, o banco da praça que nunca perde a paisagem, o caminho pisado na grama que nunca deixa de ser refeito por novos andares sorridentes, assim também a cidade pode ser refeita todo o dia por essas ações que mostram a importância da política e de seus gestores.

E viva o Bosque Gomm!

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