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No programa Entrelinhas desta segunda-feira (09), o tema foi o depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, perante o ministro Alexandre de Moraes. O interrogatório pretendia desvendar a suposta "trama golpista" de 2022, porém, segundo os analistas do programa, tudo indica que se tratou de um "jogo de cartas marcadas".
O comentarista Frederico Junkert destacou a velocidade do julgamento. Enquanto o "mensalão" teve seus fatos divulgados em junho de 2005, denúncia apresentada em 2007 e sentença transitada em julgado somente em 2014, o processo sobre o suposto golpe de estado se encaminha para a fase final apenas quatro meses depois da apresentação da denúncia. Isso revela "uma vontade dos ministros de condenar todos os réus e acusados o quanto antes", conforme avaliou Junkert.
"Eles sabem que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro terá reflexos sobre as eleições e sobre a instrumentalização do aparato de justiça, para perseguir opositores políticos", lembrou o comentarista. Ainda, Junkert destacou a própria declaração do ministro Luís Roberto Barroso, para quem o processo deve ser julgado “o quanto antes”, para evitar interferência nas eleições de 2026.
O interrogatório de Mauro Cid
A respeito do conteúdo do depoimento de Mauro Cid, a jornalista Amanda Caixeta opinou que o ministro induziu o depoente a confirmar sua narrativa. "Ele não tem muito interesse em querer buscar de fato a verdade", criticou. Caixeta apontou que Moraes, além de "vítima", é também "relator, acusador e investigador", o que “evidentemente extrapola sua competência”.
A jornalista também avaliou o trabalho da imprensa, em que jornalistas parecem ter um "canal direto" com o Ministério da Justiça. "Eles não só tem acesso a informações privilegiadas, que nem mesmo os advogados têm, mas também já adotaram um tom de sentença", disse. Caixeta se refere a algumas manchetes que já declaram que houve, realmente, uma "trama golpista".
O Entrelinhas vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 15h, no canal da Gazeta do Povo no YouTube, trazendo os principais temas do cenário político e econômico do país. A apresentação é de Mariana Braga, com comentários de Frederico Junkert, advogado e especialista em direito constitucional.




