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A deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ) fala à coluna Entrelinhas sobre os temas que têm mobilizado a Oposição no Congresso: a anistia aos presos do 8 de janeiro, a defesa do Estado de Direito e a luta pela vida desde a concepção. Conhecida por sua firme atuação em pautas morais e constitucionais, Tonietto não mede palavras ao criticar o que chama de “processo de desumanização” que o Brasil enfrenta — tanto nas prisões políticas quanto na cultura do aborto.
Advogada, católica e integrante da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, Chris Tonietto está em seu segundo mandato como deputada federal. Eleita pelo Rio de Janeiro com uma plataforma centrada na defesa dos valores cristãos, da liberdade de expressão e do direito à vida, sua trajetória é marcada pela oposição firme a pautas progressistas e pela defesa intransigente da Constituição e dos direitos fundamentais.
Anistia
Entrelinhas: Qual é a urgência da pauta da anistia para a Oposição?
Chris Tonietto: Essa é, sem dúvida, a pauta mais urgente do Brasil. Temos presos políticos há mais de dois anos, famílias destruídas e uma série de injustiças cometidas com base em processos inconstitucionais. A Constituição está sendo rasgada diante dos nossos olhos. A anistia é necessária não apenas para reparar essas injustiças, mas também para pacificar o país e restabelecer o Estado de Direito.
Entrelinhas: Alguns parlamentares defendem a chamada “dosimetria de penas” em vez da anistia total. É a única alternativa viável?
Chris Tonietto: De forma alguma. A dosimetria é inconstitucional, porque o Parlamento não tem competência para dosar penas — isso cabe ao Judiciário. O que nós podemos e devemos fazer é aprovar a Anistia ampla, geral e irrestrita. E, sinceramente, o correto seria falarmos em nulidade de processo, já que há violações claras de princípios constitucionais como a individualização da pena e o contraditório e ampla defesa. Foram feitos julgamentos coletivos, algo impensável em um Estado Democrático de Direito.
Entrelinhas: A senhora acredita que há um caráter político nesses processos?
Chris Tonietto: Totalmente. Há um caráter persecutório e até vingativo. Pessoas idôneas, senhoras com Bíblias nas mãos, foram presas como se fossem criminosas. Casos como o da Débora do Batom, mãe de família condenada a 14 anos por pichar uma estátua, mostram o absurdo. Estão usando a vida das pessoas como moeda política. Isso é deplorável.
Entrelinhas: Como está a articulação política dentro do Congresso? Há chances reais de aprovação?
Chris Tonietto: Estamos trabalhando incansavelmente, com a bancada do PL e toda a Oposição, para colocar a Anistia em pauta o quanto antes. Tivemos reuniões com lideranças, como o deputado Paulinho da Força, relator da matéria. Sabemos das dificuldades, mas temos o apoio do povo, que clama por justiça. A mobilização popular é essencial para pressionar o Parlamento.
Entrelinhas: Alguns acusam a Oposição de querer “passar pano” para os eventos de 8 de janeiro. O que responde a isso?
Chris Tonietto: Isso é uma falácia. Quem depredou deve responder pelos seus atos, mas a maioria dos presos não cometeu crime algum. Foram punidos coletivamente, sem provas individualizadas. O que defendemos é a justiça verdadeira, não a perseguição ideológica. Nosso dever moral é lutar pela anistia e devolver dignidade a essas famílias.
Entrelinhas: A senhora fala muito em “pacificação nacional”. Como alcançá-la?
Chris Tonietto: Pacificar não é esquecer — é restaurar a justiça e a normalidade democrática. O povo brasileiro não aguenta mais viver sob o medo e o ódio político. Querem saúde, segurança, educação e respeito aos direitos fundamentais. A Anistia é o primeiro passo para isso.
Defesa da vida
Entrelinhas: Estamos na Semana do Nascituro, e a senhora é uma das principais vozes pró-vida do Congresso. Qual é a importância dessa causa?
Chris Tonietto: A causa da vida é a mãe de todas as causas. Não há direito algum se não houver o primeiro: o direito de nascer. Infelizmente, vivemos uma era de desumanização, onde até o bebê no ventre é invisibilizado. Defender a vida desde a concepção é lutar pela própria humanidade.
Entrelinhas: Recentemente, houve polêmica em torno de decisões do Conanda e do CFM. O que está acontecendo?
Chris Tonietto: O que está acontecendo é grave. O Conselho Federal de Medicina havia proibido o procedimento de assistolia fetal, que é uma tortura — uma injeção de cloreto de potássio no coração do bebê. Mas o STF suspendeu a resolução, permitindo novamente esse horror. Além disso, o Conanda aprovou a Resolução 258/2024, que flexibiliza o aborto até nove meses de gestação, sem o consentimento dos pais. Isso é um ataque frontal à vida e à família.
Entrelinhas: E o Congresso pode reagir a essas decisões?
Chris Tonietto: Sim, e deve. Apresentei o PDR 3/2025, que susta os efeitos dessa resolução absurda do Conanda. Estamos lutando para votar o quanto antes. O Brasil é signatário do Tratado de São José da Costa Rica, que garante o direito à vida desde a concepção. Nossa própria Constituição diz que a vida é inviolável. O que está acontecendo é ilegal, inconstitucional e imoral.
Entrelinhas: A senhora costuma dizer que o aborto é parte de uma “cultura da morte”. Pode explicar isso?
Chris Tonietto: Sim. Há uma orquestração internacional que tenta impor o aborto como algo normal. Vários países vizinhos — Chile, Argentina, México — já legalizaram. O objetivo é avançar uma agenda de morte travestida de direito. Mas a verdade é simples: o aborto é sempre um mal moral. Legalizá-lo não o torna bom, justo ou ético. É um atentado direto contra o ser mais inocente e indefeso.
Entrelinhas: Como responder à narrativa de que o aborto seria um direito da mulher?
Chris Tonietto: Essa é uma contradição. Se a mulher tem 50% de chance de gerar uma menina, como podem dizer que o aborto é um direito da mulher? Além disso, muitas mulheres são enganadas, não conhecem as consequências físicas e psicológicas do aborto. É um procedimento invasivo, cruel e perigoso. Defender a vida é também defender a verdadeira saúde e dignidade da mulher.
Entrelinhas: O que a senhora diria aos brasileiros que ainda estão indecisos sobre essa pauta?
Chris Tonietto: Que olhem para a realidade. O bebê no ventre é uma pessoa humana desde a concepção. Negar isso é negar a ciência e a moral. O aborto é uma ferida aberta na sociedade. Precisamos formar consciências, promover a cultura da vida e lutar para que o aborto se torne impensável em nosso país.





