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O ex-ministro de Jair Bolsonaro e ex-deputado federal Onyx Lorenzoni concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Povo em um momento de intensificação das tensões entre os poderes no Brasil. Em pauta, ele tratou de temas como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa, a condução da Procuradoria-Geral da República em investigações ligadas à Oposição e os desdobramentos das propostas legislativas sobre anistia e imunidade parlamentar.
Na conversa, Lorenzoni também falou sobre sua convocação para a CPMI do INSS, as perspectivas para as eleições de 2026 e os planos políticos no Rio Grande do Sul. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Entrelinhas: Como o senhor vê a denúncia de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo pela PGR, horas depois da aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos contra a esposa de Moraes?
Onyx Lorenzoni: Os Estados Unidos têm as suas razões. As sanções aplicadas contra autoridades brasileiras são consequência de atitudes e escolhas do atual governo, como o alinhamento com Irã e Hamas, ataques a Israel e a proposta de substituir o dólar por uma moeda dos BRICS. Essas são provocações claras. Ao mesmo tempo, vemos a Procuradoria-Geral da República se transformar num instrumento de um Estado autoritário. Pessoas estão sendo punidas de forma desumana, com penas mais duras do que as aplicadas a criminosos perigosos. Isso revela uma distorção alarmante.
Entrelinhas: O senhor acredita que há um desequilíbrio entre os poderes da República?
Lorenzoni: Sim. Há uma hipertrofia do Judiciário e um Senado que se acovardou. O STF interfere de forma explícita na pauta do Legislativo. O caso da PEC da Imunidade e da dosimetria mostram isso claramente. Paulinho da Força foi indicado relator para esvaziar a proposta de anistia, com apoio de nomes ligados ao Supremo. Essa manobra não pacifica o país. Ao contrário: mantém injustiças e fortalece um regime autoritário que tenta se consolidar.
Jair Bolsonaro e sua família são alvos de um ódio institucionalizado. Querem silenciar quem pensa diferente. E não é só aqui. O assassinato de Charlie Kirk nos Estados Unidos ilustra até onde esse ódio pode chegar. A guerra cultural que a esquerda promove visa destruir valores, identidades e a própria liberdade. No Brasil, essa perseguição se manifesta em processos injustos, penas desproporcionais e censura velada.
Entrelinhas: A PEC da Dosimetria tem sido apontada como uma alternativa viável para a anistia avançar parcialmente no Congresso. Qual sua avaliação?
Lorenzoni: É uma tentativa de dar verniz de legalidade ao injusto. A anistia de 1979 perdoou crimes gravíssimos de ambos os lados. Agora, se discute dosimetria como se houvesse alguém iluminado capaz de dizer que 14 anos devem virar 7. Isso não corrige a injustiça. Não pacifica o país. É uma manobra para agradar o atual regime. Infelizmente, o Brasil está nas mãos de um governo que caminha para se tornar uma ditadura, com um Judiciário autoritário e um Senado omisso.
Entrelinhas: Por que o senhor foi convocado pela CPMI do INSS?
Lorenzoni: Todos os ex-ministros foram convidados. No meu caso, confirmo minha disposição de participar. Quem tem a verdade, vai com tranquilidade. Durante o governo Bolsonaro, adotamos as únicas medidas estruturais de combate a fraudes no INSS. A MP 871 foi um marco. Recebemos o órgão com quase dois milhões de processos parados e entregamos com o fluxo normalizado. Cancelamos acordos fraudulentos. O atual governo tenta terceirizar responsabilidades, como sempre fez: no Mensalão, no Petrolão e agora nesse escândalo.
Entrelinhas: O senhor acredita que o Brasil retrocedeu na segurança pública nos últimos anos, desde que o PT voltou ao poder?
Lorenzoni: Os maiores índices de redução de homicídios e apreensões de drogas aconteceram no nosso governo. Respeitamos e valorizamos os policiais. Deixamos claro quem é o bandido e quem é o policial. O discurso da esquerda romantiza o criminoso, trata o bandido como vítima. Isso desorganiza a sociedade. O Brasil precisa decidir: enfrenta ou não o narcotráfico? Sem essa decisão, o país vira território dominado pelas facções.
Entrelinhas: Qual sua leitura do cenário eleitoral de 2026?
Lorenzoni: Agora é momento de humildade. Menos likes, menos aparições, menos vaidade. O país enfrenta um risco institucional grave. A centro-direita precisa se unir. A máquina do governo está sendo usada para perseguir opositores, e esse é um padrão que vem se repetindo há décadas em projetos de esquerda. O foco agora deve ser reconstruir uma base sólida no Congresso. Depois disso, as candidaturas se definem.
O Brasil tem tudo para ser uma das nações mais prósperas do mundo. Mas precisa de pessoas de bem nas posições certas. Este é o momento de reconstrução. De retomar o caminho do Estado de Direito, com limites claros entre os Poderes e com respeito à cidadania. É tempo de servir à pátria, não de se servir dela.
Entrelinhas: E quanto ao seu futuro político no Rio Grande do Sul?
Lorenzoni: Estamos trabalhando num projeto de longo prazo para o Estado. Os últimos 30 anos foram de decisões mirando o passado. Enquanto isso, Santa Catarina e Paraná avançaram. O Rio Grande do Sul perdeu gente, oportunidades e competitividade. Nosso objetivo é apresentar uma proposta de governança moderna, inovadora, com foco nos próximos 20 anos. Disputarei as eleições de 2026, mas o cargo será definido em conjunto com meu partido e com o que o Brasil mais precisar.





