Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Entrelinhas

Entrelinhas

Entrevistas exclusivas com protagonistas da política brasileira. Debates profundos sobre os principais assuntos da atualidade.

Entrevista

Girão expõe “promiscuidade” entre STF e CBF: “Vamos acelerar uma CPMI”

A ação foi apresentada pelo Senador Eduardo Girão e outros cidadãos à Vara da Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo
(Foto: Pedro França/Agência Senado)

Ouça este conteúdo

Em entrevista à coluna Entrelinhas, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ao atual governo federal, denunciando o que chamou de “caos institucional” no país. Após declarar que "a CBF é o espelho do Brasil", Girão acusou o STF de interferir indevidamente em decisões que deveriam ser tomadas por órgãos especializados e afirmou que a atual configuração do poder no Brasil representa “uma ditadura disfarçada, sustentada por ‘acordões’ e interesses escusos”.

"Relação promíscua” entre CBF e STF

Girão denunciou o que considera uma “relação promíscua” entre a CBF e o Judiciário, revelando um suposto contrato de R$ 10 milhões firmado entre a entidade esportiva e o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que tem como um dos líderes o filho do ministro Gilmar Mendes. “Isso é uma promiscuidade institucional”, exclamou.

O congressista também apontou um suposto favorecimento a jornalistas alinhados à direção da CBF, enquanto existiria perseguição a comunicadores contrários à entidade. Ele mencionou a demissão de seis profissionais de uma emissora por críticas à entidade. “Estão perseguindo jornalistas. O presidente da CBF se acha Deus, porque está colado com o Supremo”, declarou.

O senador analisou a atuação do STF no caso da manutenção de Ednaldo Rodrigues à frente da CBF, após intervenção provocada por uma liminar do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). “É um absurdo. O caso já tinha decisão em tribunais desportivos, mas foi parar no STF. Daqui a pouco, briga de bar e de vizinho também vai parar lá, porque é o STF que manda no Brasil”, afirmou.

CPMI da CBF

O congressista também anunciou seu apoio à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da CBF, que, segundo ele, teria instalação mais ágil do que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) convencional, que corre em apenas uma das Casas do Legislativo. “Já recuei da minha CPI para apoiar a CPMI da senadora Damares, para que a gente possa correr com isso o quanto antes”, explicou. O objetivo, segundo o senador, é investigar não apenas os "contratos obscuros" da CBF, mas também os aumentos salariais exorbitantes e a perseguição a críticos da entidade.

A fala do senador expôs ainda bastidores de suposta pressão do STF sobre o Congresso, sugerindo que ministros atuariam politicamente para evitar investigações. “Na época da eleição da presidência do Senado, havia ministros ligando para senadores. É tudo um 'acordão'”, afirmou.

Possível camisa vermelha da Seleção

O parlamentar destacou a recente polêmica envolvendo a nova camisa vermelha da Seleção Brasileira. “Eles pegaram o símbolo do país e estão fazendo de gato e sapato”, disparou. Segundo ele, a criação de um novo modelo vermelho como segunda opção à tradicional camisa canarinho levanta suspeitas de motivações ideológicas e políticas: “Isso é para a CBF agradar a quem? Ao PT? À China? À Rússia? Ao PCdoB?”.

Apesar de a CBF ter publicado uma nota no fim da terça-feira (29), apontando que não há definições sobre as camisas do ano que vem, sites especializados em uniformes esportivos publicaram no dia anterior o possível modelo da segunda camisa brasileira do ano que vem. De acordo com essas páginas, a camisa vermelha estaria na nova coleção.

"Esquemas" nas casas de apostas

Outro ponto da entrevista foi a denúncia da influência das casas de apostas no futebol brasileiro. Segundo ele, o setor se transformou em uma “lavanderia de dinheiro do crime organizado” e vem contribuindo para o endividamento de famílias brasileiras. “Isso é pior do que cigarro. É uma droga digital que está destruindo lares e alimentando magnatas e políticos”, denunciou.

Girão defendeu a tramitação de seu projeto que visa restringir as propagandas de apostas esportivas no país. “Hoje é uma pandemia de destruição familiar, gente se matando, casamento acabando, comércio perdendo vendas para esse mercado obscuro. Tudo isso porque estão viciando o povo brasileiro”, opinou.

“Senado acovardado”

“É um nível de subserviência vergonhoso”, avaliou Girão ao tratar do papel do Senado frente ao que chamou de "abusos do STF". “O Senado está acovardado. Se estivesse fazendo seu papel, já teria colocado cada um no seu quadrado. Mas preferem fazer parte dos 'acordões'”, opinou. Para o parlamentar, a solução passa pela mobilização popular: “Se tem uma coisa que esse Congresso ouve é o povo na rua. Precisamos de mais manifestações. É essencial”.

Girão reforçou a convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro para a manifestação do dia 7 de maio em Brasília, em apoio à anistia de presos dos atos de 8 de janeiro. “O Papa prega o perdão. Já o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, diz que 8 de janeiro é 'imperdoável'. Que hipocrisia! Essas pessoas não são criminosas. Estavam com Bíblia e bandeira, não com armas. A anistia precisa ser ampla”, defendeu.

VEJA TAMBÉM:

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.