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Na entrevista concedida ao programa e à coluna Entrelinhas, o senador catarinense Jorge Seif (PL-SC) aborda os principais temas da política nacional sob uma ótica crítica ao governo Lula e ao protagonismo do Judiciário. Reafirmando seu alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Seif defende a necessidade de uma renovação no Congresso Nacional para reequilibrar os poderes da República. Para ele, temas como aborto, liberação de drogas e marco temporal deveriam ser tratados pelo Legislativo, e não pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo o senador, tem extrapolado suas funções constitucionais. Seif ressalta que a retomada do protagonismo do Congresso depende de "vontade política" e da eleição de parlamentares que compartilhem valores conservadores.
O senador também critica a condução da segurança pública pelo atual governo, destacando o aumento da criminalidade e o avanço do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Sobre o Projeto de Lei da Anistia, ele aponta que responsabilizar todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro como "golpistas" é uma tentativa do governo de desviar o foco de problemas mais urgentes, como a inflação e o custo de vida. Leia a entrevista:
O que vemos hoje é um Judiciário hipertrofiado e um Congresso que, ao longo do tempo, tem sido apenas observador.
Jorge Seif
Entrelinhas: O Senado tem força ou está enfraquecido diante do avanço de outros poderes, como o Judiciário?
Jorge Seif: O Senado tem força. No entanto, não existe vontade política — seja por amizade, conivência ou dívidas. Precisamos respeitar o Judiciário, mas eles também precisam nos respeitar. Temas como marco temporal, aborto e liberação de drogas jamais poderiam estar sendo discutidos no STF. Isso são pautas do Congresso Nacional, e não do Judiciário. O que vemos hoje é um Judiciário hipertrofiado e um Congresso que, ao longo do tempo, tem sido apenas observador. Não é questão de revanchismo, é uma questão de respeito ao voto popular.
E por que o Congresso não retoma esse protagonismo?
Porque falta voto. Eu posso ser incisivo, falar com coragem, mas no fim o que vale é o voto. Hoje temos 30, 32, às vezes 35 votos. Eles têm maioria. Para mudar isso, precisamos eleger pessoas alinhadas conosco em 2026. A mudança vem por meio do voto consciente, não por picanha, cerveja ou saco de cimento.
O senhor mencionou temas que estão sendo decididos no STF, como o aborto. Como vê esse avanço do Judiciário sobre essas pautas?
São temas que estavam pacificados e que não representam a vontade da sociedade. Quando o STF começa a legislar, ele rompe com a função constitucional. Nós, legisladores, é que temos esse papel. O Judiciário está ultrapassando seus limites.
Sobre o PL da Anistia, o que o senhor pensa do processo de tramitação e da repercussão no Senado?
Primeiro, precisamos que ele passe na Câmara. Quem depredou, quebrou, tem que pagar. Mas acusar todos de golpe de Estado ou atentado à democracia é uma falácia. É uma forma que o governo encontrou de esconder problemas reais como inflação, alta nos alimentos, MST à solta, prejuízos nas estatais. O 8 de janeiro virou uma cortina de fumaça para os verdadeiros problemas do país.
O senhor tem falado sobre segurança pública com frequência. Como avalia a atual situação do país nesse setor?
O governo Lula 3, assim como os anteriores, fracassa na segurança pública. Quando presos comemoram a eleição de um presidente, isso já diz tudo. É um governo que defende desencarceramento, não condena crimes como roubo de celular, e é complacente com o crime organizado. A violência no campo também voltou com força, com mais de 200 invasões promovidas pelo MST só neste governo.
E em Santa Catarina? O estado tem conseguido manter um equilíbrio nesse cenário?
Temos buscado isso, sim. Mas mesmo aqui, a preocupação com a segurança voltou a ser a número um. Isso mostra como a situação no Brasil está crítica. A população sente no bolso e no cotidiano a ausência de uma política de segurança pública séria.
Pensando em 2026, como o senhor avalia o cenário político e o papel do Congresso nessa disputa?
O brasileiro está acordando. Está gravando vídeos dizendo que votou no Lula e se arrepende. Está sentindo no bolso: café e ovo viraram artigo de luxo. Estamos vendo uma chance real de virar essa chave em 2026. Dois terços do Senado serão renovados, e acreditamos que podemos alcançar maioria, com senadores que respeitam a Constituição, combatem o crime e defendem a liberdade econômica.
Hoje o eleitor tem ferramentas. Pode pesquisar se o candidato já esteve envolvido em escândalos, violência, corrupção. Isso é fundamental. Não podemos desistir. Eles governam há 40 anos. Nós ainda somos jovens na política, mas precisamos ser resilientes e não cair no desânimo. Com voto consciente, podemos virar esse jogo.
Há nomes em Santa Catarina já colocados como possíveis candidatos ao Senado em 2026?
Sim, as discussões já começaram. Um nome natural é o da deputada federal Caroline de Toni, que foi a mais votada duas vezes no estado e é uma defensora firme das bandeiras conservadoras e do presidente Bolsonaro. Outro nome será discutido com o governador Jorginho Mello, que tem liderança no estado. Mas Carol de Toni é o nome que temos defendido.
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