O ministro Alexandre de Moraes (STF) suspendeu, nesta terça-feira (15), o pedido de extradição do traficante de drogas búlgaro Vasil Georgiev Vasilev, em retaliação à Espanha. Ele está preso no Brasil desde fevereiro por crimes cometidos naquele país em 2022. A reação ocorre após a Justiça espanhola negar a extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio, alegando motivação política no pedido feito pelo governo brasileiro.
Moraes determinou a transferência do búlgaro da prisão preventiva para domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Ele destacou que o tratado de extradição entre os países, bem como a Lei de Migração, exige reciprocidade — o que teria sido violado com a negativa da Espanha. O ministro deu cinco dias para que o governo espanhol comprove esse requisito, sob pena de indeferimento definitivo da extradição.
A Justiça da Espanha alegou que o pedido do Brasil contra Eustáquio era por motivação política, já que o jornalista é ligado a grupos que apoiam Jair Bolsonaro e se opõem ao governo Lula. Moraes, por sua vez, alega que Eustáquio é investigado no Brasil por crimes como ameaça, incitação ao crime e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
“Se eu falar algo, o Ministro me mata ou me prende”
Essa foi a mensagem enviada em 31 de março de 2024 por Eduardo Tagliaferro à esposa, revelando o medo que sentia do ministro Alexandre de Moraes. As conversas privadas, obtidas pela Polícia Federal e incluídas em inquérito público que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), mostram que o ex-assessor do TSE temia sofrer represálias caso tornasse públicas as informações que possuía sobre bastidores do Tribunal Superior Eleitoral.
Tagliaferro, que chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) entre agosto de 2022 e maio de 2023, manifestou em diversos momentos a intenção de “contar tudo de Brasília” antes de morrer. Em outro trecho, desabafou: “Sabe que hoje, se eu falar algo, o Ministro me mata ou me prende, ele é um FDP”.
As mensagens foram trocadas com a esposa ao longo de 2024, um ano após sua demissão do TSE. A Polícia Federal anexou os prints dos diálogos a um relatório oficial. Além das conversas com a esposa, Tagliaferro também trocou mensagens com outros assessores de Moraes, reveladas anteriormente pela Folha de S.Paulo, que indicam a produção informal de relatórios durante a eleição de 2022. Esses documentos, elaborados por Tagliaferro no TSE, teriam sido encomendados por auxiliares do ministro e posteriormente usados por ele mesmo em decisões no STF que resultaram na remoção de conteúdos e bloqueio de perfis de críticos nas redes sociais — principalmente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2 de abril de 2025, a PF indiciou Tagliaferro por violação de sigilo funcional com dano à administração pública, acusando-o de ter vazado essas informações à imprensa.
Segundo o próprio Tagliaferro nas mensagens, os relatórios encomendados tinham alvos pré-determinados e eram direcionados a políticos, ativistas e veículos que criticavam o TSE, o STF ou o próprio Moraes. O ministro, por sua vez, afirmou que se tratava de pessoas já investigadas e que, como presidente do TSE, tinha autoridade para coletar provas e acionar a polícia judiciária.
Base de Lula apoia urgência para anistia do 8 de Janeiro?
Partidos da base do governo Lula foram responsáveis por mais da metade das assinaturas no requerimento de urgência para o projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Apesar da tentativa do Planalto de barrar o avanço da proposta, 61% dos apoiadores da urgência são de siglas governistas — 55% delas com cargos em ministérios.
PP, União Brasil, MDB, PSD e Republicanos figuram entre os maiores apoiadores. O pedido teve 262 assinaturas, superando o mínimo necessário, mas ainda depende de decisão política do presidente da Câmara, Hugo Motta, para ser votado. A proposta divide opiniões dentro da própria base e tem maior adesão no Sul e Centro-Oeste.
Mendonça defende saída de Moraes de julgamento sobre tentativa de golpe
O ministro do STF André Mendonça voltou a defender o afastamento de Alexandre de Moraes do julgamento da suposta tentativa de golpe de Estado, por entender que Moraes é parte diretamente interessada no inquérito. A defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, também pediu o impedimento de Cristiano Zanin, Flávio Dino e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Apesar da posição de Mendonça, a maioria da Corte rejeitou o afastamento dos ministros. Filipe Martins será julgado no próximo dia 22, ao lado de outros cinco acusados, por integrar o núcleo político e militar que teria supostamente atuado na tentativa de golpe em 2022.
Moraes concede prisão domiciliar a pastor condenado pelo 8 de janeiro
O ministro Alexandre de Moraes (STF) autorizou nesta terça (15) a transferência do pastor Jorge Luiz dos Santos da Papuda para prisão domiciliar. Condenado a 16 anos e 6 meses pelos atos de 8 de janeiro de 2023, ele cumpre pena em regime fechado há mais de dois anos.
A defesa alegou que o pastor tem problemas cardíacos e pode precisar de cirurgia. Apesar do parecer contrário da PGR, Moraes aceitou o pedido, impondo tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares, como proibição de uso de redes sociais, entrevistas e contato com outros réus.
A decisão exige autorização prévia do STF para deslocamentos médicos, salvo urgências, que deverão ser justificadas. O deputado Sanderson (PL-RS) e a ASFAV classificaram o caso como de urgência humanitária, citando denúncias de abusos contra presos do 8 de janeiro.
Ex-primeira-dama do Peru recebe asilo da Embaixada do Brasil após condenação
Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru e esposa do ex-presidente Ollanta Humala, pediu asilo na Embaixada do Brasil em Lima nesta terça (15). A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Peru.
O casal foi condenado pela Justiça peruana a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, no caso envolvendo doações ilícitas da Odebrecht e do ex-ditador venezuelano Hugo Chávez para campanhas eleitorais em 2006 e 2011.
Segundo a chancelaria peruana, Heredia invocou a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual Peru e Brasil são signatários. O Itamaraty confirmou que ela está na embaixada, mas não deu mais detalhes.
O irmão de Heredia, Ilán, também foi condenado a 12 anos. Considerando o tempo já cumprido, os ex-mandatários devem ficar presos até 2039. A Justiça ainda determinou que eles paguem cerca de R$ 15,7 milhões em reparações civis.
Bolsonaro volta a andar após cirurgia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apareceu caminhando pelos corredores do hospital nesta terça (15), ao lado da esposa Michelle Bolsonaro, sem o auxílio de andador. A cena foi registrada em um vídeo divulgado nas redes sociais do próprio ex-presidente.
Bolsonaro se recupera de uma cirurgia realizada no último domingo (13) para tratar uma obstrução parcial no intestino. O procedimento foi feito no Hospital DF Star, em Brasília.
De acordo com o boletim médico mais recente, Bolsonaro segue na UTI, mas está estável e sem dor, sangramentos ou outras complicações.
Estes são os destaques desta quarta-feira (16) do programa Entrelinhas, que agora vai ao ar em novo horário: de segunda a sexta-feira, às 15h, no canal do YouTube da Gazeta do Povo. Com apresentação de Mariana Braga e Frederico Junkler, o programa analisa os bastidores e os desdobramentos do cenário político no Brasil.
Nesta edição, o analista político Diogo Forjaz comenta os principais acontecimentos da semana e o programa recebe também o comentarista Henrique Mecabô.