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Entrelinhas

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Notas sobre política e variedades. Edição: Mariana Braga (marianam@gazetadopovo.com.br)

Boicote ao Carrefour

Tião Medeiros propõe “reciprocidade” entre países para defender agro brasileiro

(Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

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Em entrevista à coluna Entrelinhas, o deputado Tião Medeiros (PP-PR) detalhou os objetivos do projeto de lei apelidado de “Lei da Reciprocidade”, que visa proteger o agronegócio brasileiro de restrições comerciais baseadas em pautas ambientais consideradas desiguais. Segundo o parlamentar, o texto foi apresentado antes do episódio envolvendo o Carrefour na França, mas ganhou relevância ao abordar exatamente o tipo de boicote que ele pretende evitar. “Caiu como uma luva. Minha intenção é que o Brasil não venha a incorrer nesse erro, nessas demagogias ambientais que podem prejudicar o produtor brasileiro”, declarou.

A proposta do deputado é que o Brasil se comprometa a não firmar acordos bilaterais ou multilaterais que imponham restrições ao comércio de produtos brasileiros, a menos que os países signatários adotem os mesmos padrões ambientais exigidos. “O projeto se chama ‘Lei da Reciprocidade’ para evitar o ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’”, explicou. Ele ressaltou que muitas das demandas ambientais impostas ao Brasil “são hipócritas”, já que não encontram pré-requisito equivalente nos países que as defendem. Tião confirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já iniciou articulações para definir o relator do projeto, em conjunto com a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).

Comércio da carne brasileira

O parlamentar avaliou à coluna que a produção brasileira segue um dos mais rígidos controles ambientais do mundo e que as áreas de desmatamento usadas na produção são legais. Para Tião, a declaração de Alexandre Bompard, executivo do Carrefour, reflete uma tentativa de desmoralizar os produtos brasileiros à medida que ganham mercado. Bompard disse ser contrário à proposta de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, e que, para defender os interesses dos produtores franceses, se comprometia a não vender carnes do bloco sul-americano nos mercados da rede Carrefour na França. “Nosso grande desafio é desmistificar essa narrativa mentirosa que eles tentam impor, usando uma empresa francesa para isso”, pontuou Tião Medeiros.

O congressista acredita que as pautas ambientais radicais têm perdido força globalmente, citando a queda de empresas fortemente associadas a práticas ESG e a mudança de postura dos eleitores americanos após a eleição de Donald Trump. “Eles passaram do ponto. Essas pautas inviabilizam a cadeia e não vão pautar o agronegócio mais”, afirmou, referindo-se ao Carrefour como um exemplo de intenção comercial mascarada por ativismo ambiental.

O deputado federal também elogiou o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela expansão dos mercados internacionais para a carne brasileira, como Japão, México e parte da Ásia. “Isso dilui riscos de concentrar as vendas em poucos mercados, como a Europa, e é uma vitória importante da cadeia produtiva brasileira”, destacou.

Conteúdo editado por: Mariana Braga

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