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A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, chega para o segundo dia de uma reunião do Conselho da UE em Bruxelas, Bélgica, em 21 de outubro de 2022.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, chega para o segundo dia de uma reunião do Conselho da UE em Bruxelas, Bélgica, em 21 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/STEPHANIE LECOCQ

O mês de novembro será bem agitado na política internacional. Não apenas por conta dos eventos correntes, como a guerra na Ucrânia, que entrará em seu nono mês, a crise econômica na Europa e os protestos no Irã, mas pela vasta quantidade de eleições importantes que ocorrerão pelo mundo. Algumas delas possuem o potencial de gerar repercussões bem além de suas fronteiras, começando com os pleitos nacionais na Dinamarca e em Israel.

No dia Primeiro de novembro teremos duas eleições nacionais. Primeiro, o pleito na Dinamarca, confirmado de maneira “relâmpago” apenas no início de outubro, após uma crise política cujos contornos dentro do parlamento começaram em julho. O governo liderado pelo Partido Social-Democrata, com Mette Frederiksen como premiê, foi formado após as eleições de 2019. Sua coalizão tinha 91 assentos no parlamento, de um total de 179 cadeiras, ou seja, apenas duas cadeiras garantiam a maioria.

A coalizão de esquerda, entretanto, ruiu. O Partido Social-Liberal ameaçou o governo com um voto de desconfiança caso a premiê não convocasse eleições. O motivo da crise é o simpático animal visom, conhecido em inglês como mink, parente do furão. Durante a pandemia de covid-19, descobriu-se que os animais eram reservatórios do vírus e que havia a potencial contaminação de pessoas. Com isso, o governo ordenou o abate de todos os visons da Dinamarca, cerca de quinze milhões de animais.

Além da medida afetar a indústria local de peles, existiu um debate sobre a legalidade da medida. Uma comissão parlamentar de inquérito publicou um relatório em junho de 2022, afirmando que o então ministro Mogens Jensen agiu ilegalmente e “aconselhou de maneira indevida” a primeira-ministra. A consequência da CPI foi o fim da coalizão de governo e a antecipação das eleições em sete meses. As pesquisas, entretanto, apontam um eventual crescimento dos social-democratas e o possível pior resultado conservador no século XXI.

Ou seja, é improvável que as eleições dinamarquesas representem alguma grande mudança no contexto regional nesse momento. Importante lembrar que, nesse momento, um dos governos social-democratas nórdicos caiu, na Suécia, com um avanço do nacionalismo. Esse avanço promete ser visto na Dinamarca, mas sem o mesmo ímpeto. Também atualmente, a Dinamarca está engajada nas investigações sobre as explosões nos gasodutos Nord Stream, que potencialmente envolvem a Rússia.

Eleições em Israel 

No mesmo dia, é a vez dos israelenses irem às urnas, pela quinta vez em quatro anos. Ao contrário da política doméstica dinamarquesa, a política israelense é um tema bastante presente aqui em nosso espaço. O cenário macro em Israel continua muito parecido com o que explicamos em coluna de agosto, quando da criação do Partido da Unidade Nacional, liderado por Benny Gantz, atual ministro da Defesa de Israel. E esse cenário é o da manutenção do impasse no parlamento israelense.

De um lado temos uma coalizão de centro, liderada pelo atual premiê Yair Lapid, cujo governo une tanto alguns partidos de direita, como o Yisrael Beiteinu, partidos de esquerda, como o trabalhista, e um partido árabe, a Lista Unida. A projeção é que a atual coalizão de governo consiga em torno de 55 assentos na eleição. Em um Knesset com 120 assentos, isso significa seis a menos do que o necessário para a maioria. Principalmente, Lapid e seu Yesh Atid estão projetados com 25 assentos, em segundo lugar.

O primeiro lugar provavelmente será do Likud, liderado pela velha raposa Benjamin Netanyahu, projetado com 32 assentos. A questão é que, hoje, sua coalizão de direita, que une tanto partidos da direita secular quanto, principalmente, os da direita religiosa ortodoxa, conseguirá por volta de 58 assentos. Ou seja, não terá a maioria também. Isso é explicado pelo fato de que os partidos árabes ficam fora desse cálculo. Outro complicador, várias vezes mencionado aqui, é que alguns partidos seculares não se sentam com os religiosos.

Por isso, a chave para um governo israelense está com Benny Gantz. Ele já foi aliado de Netanyahu no governo passado e poderá pedir o que quiser para abandonar Lapid e estender a mão para Bibi, permitindo que o Likud ultrapasse os sessenta assentos. Por outro lado, se o cenário macro é o mesmo desde agosto em Israel, a tendência é outra. Nos últimos três meses, as projeções do Likud nas pesquisas estão em queda, enquanto as de Yair Lapid apenas cresceram.

As pesquisas publicadas entre os dias 18 e 20 de outubro apontam, em média, o Likud com 32 assentos e o Yesh Atid com 25 assentos. No final de agosto, esses números eram, respectivamente, 35 e 20 assentos. O aumento das aparições de Lapid na mídia, após assumir o cargo, sua postura em temas como os ataques da Jihad Islâmica em Gaza e a recuperação econômica pós-pandemia provavelmente explicam essa tendência. Resta saber se, em uma semana, Lapid vai conseguir encostar ainda mais, o que é improvável.

Depois desses pleitos, o mês ainda reserva outras eleições que veremos aqui em nosso espaço, como, obviamente, as eleições nos EUA, para o Congresso e em dezenas de estados. Considerando a história recente israelense, é possível também que tenhamos que voltar ao país, para ver o processo de formação de um governo. Para quem se interessa pela política internacional e pelas disputas eleitorais, este será um mês em que não se sofrerá de tédio.

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