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Integrantes da Frente Única dos Trabalhadores protestam contra o governo de Guillermo Lasso, em Quito, Equador, no dia 19 de janeiro de 2023.
Integrantes da Frente Única dos Trabalhadores protestam contra o governo de Guillermo Lasso, em Quito, Equador, no dia 19 de janeiro de 2023.| Foto: EFE/ José Jácome

O governo Lasso acabou no Equador? Na mais recente coluna aqui em nosso espaço, comentamos sobre a importância do referendo constitucional realizado no último final de semana no Equador. Principalmente, de como o voto era essencial para o governo de Guillermo Lasso. Com resultados desastrosos para o presidente, o final de semana pode ter sacramentado o futuro dos próximos anos equatorianos.

A opção pelo referendo se dá pelo fato de que o Equador vive um cenário político travado, com uma queda de braço entre o congresso, dominado pela esquerda, e a presidência, de direita. O governo Lasso não consegue aprovar nada no Legislativo e afirma que o governo está de mãos atadas na luta contra o narcotráfico e na gestão econômica. O referendo constitucional seria a saída.

Uma vitória do governo mostraria força popular para governar e adotar novas medidas. Contrariando todas as pesquisas, entretanto, o governo saiu derrotado. Perdeu de oito a zero, com todas as propostas constitucionais rejeitadas. Mais do que uma derrota do governo, as porcentagens das respostas mostram também a força da oposição de esquerda, herdeira de Rafael Correa.

Referendo

As pesquisas apontavam que as perguntas com placar mais apertado seriam a cinco e a seis. Ambas consultavam a população em relação ao Conselho de Participação Cidadã e Controle Social, que participa da nomeação de autoridades. O órgão é uma criação do governo Rafael Correa. Os apoiadores de Lasso afirmam que o conselho é um filtro ideológico para a nomeação de autoridades.

A esquerda equatoriana, por sua vez, defende a instituição como um elemento de transparência, que reduz jogos políticos e trocas de favores. Quase 58% dos eleitores votaram pela manutenção do Conselho como ele existe hoje, em forma e funções. A pergunta de placar mais apertado foi a primeira, que autorizaria a extradição de equatorianos envolvidos em crimes transnacionais, como narcotráfico.

Outra questão é que, além de derrotado em suas propostas, o governo não conseguiu mobilizar totalmente o eleitorado. Na média das oito perguntas, foram dois milhões de votos brancos e nulos, com um comparecimento eleitoral total de cerca de 60%, bastante distante dos 80% registrados na eleição presidencial de 2021. Não surpreende quando se olha para a aprovação de Lasso, na casa de apenas 20%.

Eleições regionais

Para complicar ainda mais a vida do governo, o Equador também realizou eleições locais no final de semana. Estavam em jogo vinte e três chefias provinciais, cargo análogo ao que chamamos de governo estadual no Brasil, 221 prefeituras e mais de cinco mil cargos análogos aos deputados estaduais e vereadores brasileiros. A contagem das urnas ainda está em andamento, mas alguns resultados já saíram.

Dos dezoito governos provinciais com resultados já definidos, o Movimiento Revolución Ciudadana, de Rafael Correa, foi o maior vencedor, com sete vitórias até o momento. Essas incluem as províncias de Pichincha, onde está Quito, e de Guayas, onde está Guayaquil, as duas maiores cidades do país. O partido também venceu as duas prefeituras e possui a maior bancada do congresso, com 47 das 137 cadeiras.

O Movimento Pachakutik, de esquerda e formado especialmente por indígenas, venceu outras quatro províncias. Em terceiro lugar fica o partido de direita Cristão Social, com duas vitórias. E o Movimento Creo, do presidente Lasso? Nenhuma vitória do governo em qualquer província até o momento. Na verdade, o cenário mais amplo aponta uma derrota de toda a direita equatoriana.

As próximas eleições presidenciais equatorianas serão realizadas em 2025. Até lá, tudo indica que a esquerda terá protagonismo político no país. Enquanto isso, Lasso corre o risco de virar um governo zumbi, sem poderes, sem autoridade e sem respaldo popular. Misturado aos protestos e à violência, um eventual caminho para sua saída do poder pode ser aberto. Ou, pior, o país emular o caos político do vizinho Peru.

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