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"Essa morte é muito bonita, muito poética", disse uma tal "Juju dos Teclados", jurando não estar comemorando o assassinato covarde de Charlie Kirk. Juju ainda mirou bem o alvo, deixando claro o que queria: "Se a gente gosta tanto de imitar os Estados Unidos, por que a gente não pega essa moda? É uma moda que cairia super bem com qualquer peça Bolsonaro".
O recado não foi subentendido: "Se tiver algum doido assistindo aí, assim, sugestões...", disse, enquanto se afastava e mostrava uma foto do deputado Nikolas Ferreira atrás dela. Ainda foram citados o empresário do agro Paulo Junqueira Neto, Afrânio Barreira, do Coco Bambu, e, claro, Luciano Hang.
Enquanto passava uma lista de pessoas a serem assassinadas "por algum doido aí", Juju falava em classe trabalhadora, em homem branco (Juju é branca), nessas pessoas com "privilégio". Por alguma razão que escapa à lógica elementar, Juju considera-se uma proletária, operária ou bóia-fria, cheia de boletos a pagar e contracheques atrasados, precisando fazer jornada dupla e pegar ônibus lotado na periferia às 5 da manhã, enfrentando a bandidagem que é defendida pela esquerda assim que é pega depois de um roubo, estupro ou assassinato.
Por um milagre jurídico (uma área pouco dada às intervenções divinas recentemente), Juju dos Teclados sofreu uma busca e apreensão em sua casa depois do vídeo. Apareceu chorando, sem os teclados.
O resgate oportunista da “liberdade de expressão”
A esquerda imediatamente sacou do almoxarifado da memória uma expressão que estava fora de moda, e sendo massacrada dia sim, dia também, no Brasil: Juju dos Teclados, enquanto teclados possuía, estava tão somente usufruindo do seu sagrado, religioso e transcendental direito à liberdade de expressão.
Liberdade de expressão? Não era aquela teoria da conspiração de extrema-direita? Algumas pessoas estão sendo chamadas de "verdadeira organização criminosa estruturada em núcleos de produção, publicação, financiamento e articulação política, com objetivo de atentar contra a democracia e o Estado de Direito" por defender a liberdade de expressão. E foi o preenchimento automático que concluiu a sentença.
É curiosamente divertido ver como algumas pautas só são importantes para grupos políticos quando lucram dividendos com elas. Por exemplo: todas as pautas, por todos os grupos
É impossível falar em liberdade de expressão três vezes em um banheiro sem que apareça o espectro fantasmagórico de Alexandre de Moraes. É importante que o ritual seja realizado com a porta destrancada, ou a vítima é sufocada pelo fantasma repetindo: "LIBERDADE DE EXPRESSÃO NÃO É LIBERDADE DE AGRESSÃO!!!", sempre em letras garrafais e com três pontos de exclamação no fim, como se fosse uma demonstração de inteligência.
O espectro que ronda a liberdade de expressão – o espectro de Alexandre de Moraes – é a consubstanciação do estímulo contraditório pavloviano. Um pouco de dialética hegeliana associada ao tribunal popular da Revolução Cultural Chinesa, mas com estética à la Roland Freisler. Toda a "defesa da democracia" alexandrina foi repetir ad nauseam esta jaculatória, estipulando, segundo sua vontade particular, que quase tudo o que é expresso não faz parte da liberdade de expressão.
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Assim, para o alexandrismo, questionar máquinas não é liberdade de expressão – seria uma ofensa grave à "honra" dos computadores, coitados. Lembrar que as eleições de 2022 foram realizadas sob censura confessa também é uma expressão que não faz parte da liberdade de expressão.
Recentemente, o ministro exigiu nova investigação sobre (adivinhe?) "verdadeira organização criminosa estruturada em núcleos de produção, publicação, financiamento e articulação política, com objetivo de atentar contra a democracia e o Estado de Direito" (podemos substituir o "parabéns pra você" por esta frase) com base no "discurso de ódio eleitoral" (sic).
Usar emojis em um grupo de Zapzap? Organização criminosa estruturada. Não viajar para os Estados Unidos? Núcleo de articulação política golpista contra a democracia. Chegar perto de uma baleia? Obscurantismo tão grave que só pode ser vencido com um inquérito infinito, com a mesma pessoa como juiz, investigador, condutor, acusador e suposta vítima. E que tal dizer "mantenham a esperança" ou denunciar o radiolão?
Apenas com um Estado policial, prisões políticas sem fim e censura absoluta às redes sociais (antes dela, "éramos felizes e não sabíamos") é que podemos resgatar a coitada da democracia, tão vilipendiada por 200 milhões de "pequenos tiranos".
Até o TSE, que não tem poder de polícia, já desmonetizou canais no YouTube sem explicação nenhuma, como o da Bárbara Destefani, do Te Atualizei. Viralizou seu posicionamento de defesa: "Apenas quero a liberdade que vocês dão a traficantes".
Assim, tudo o que é normal não é mais liberdade de expressão, é liberdade de agressão (desculpe-me, é LIBERDADE DE AGRESSÃO!!!), enquanto toda a esquerda, a velha mídia, o estamento burocrático, as universidades (principalmente cursos de Direito) e os idiotas nas redes sociais repetem roboticamente tais palavras (não trocam nem a ordem dos termos) para censurar seus amiguinhos.
Já jogar futebol com uma réplica da cabeça do Bolsonaro, ter perfis com nomes como "Adélio Bispo Fã Clube" (uma página ligada à OAB seguia uma dessas contas) ou preconizar o assassinato de figuras de direita é tratado como "liberdade de expressão". Logo essa expressão, tão fora de moda. Até onde me lembrava, a última moda (ou melhor, a última trending) não era uma tal de regulamentação?
A mudança no Estado policial brasileiro em relação a Juju dos Teclados (e qualquer engraçadinho comemorando, ainda que negando, o assassinato de Charlie Kirk) tem uma razão óbvia: o Departamento de Estado e a Embaixada Americana no Brasil declararam que qualquer pessoa comemorando assassinatos políticos não é mais bem-vinda em território americano.
Como esquerdistas nunca passam férias na Coreia do Norte, e sim no epítome do conservadorismo, não é uma boa hora para condenar à eternidade nas redes sociais que você apoia assassinar pessoas de quem discorda. Ainda mais com Magnitsky, sanções e uma política imigratória bem mais restrita fungando no cangote.
Enquanto preconizam buscas e apreensões e inquéritos secretos infinitos para quem ouse "abusar" da liberdade de expressão (por exemplo, fazer piadas com o STF, "desonrar" máquinas de contagem etc.), a última moda, além da "soberania", é resgatar a tal "liberdade de expressão". Mas nunca para conversas no Zap ou, digamos, fármacos, máscaras e códigos-fontes. É apenas, precisamente, cirurgicamente, exatamente para aquilo que tem consequências jurídicas em qualquer lugar do planeta: preconizar e incentivar assassinatos.
Parece que é o único tema tutelado pela "liberdade de expressão" esquerdista – desde que, é claro, os alvos sejam conservadores. Tirando assassinar direitistas, todo o resto da liberdade de expressão vira "agressão"
Do emoji a não viajar. Isto para não falar da censura confessa de Carmen Lúcia para prejudicar a direita durante uma eleição decidida voto a voto, censurando até mesmo um programa da Brasil Paralelo que ainda não havia sido finalizado – já viu esquerdista conclamando pela liberdade de expressão neste caso? Ou só nós lembramos desse "detalhe"?
Essa visão ideológica comete uma certa confusão entre o que é tutelado e o que não é por qualquer especialista em liberdade de expressão, de Sócrates a Jacob McHangama. A liberdade deles significa "liberdade de ser regulamentado, desde que eu seja o regulamentador". O defensor da democracia atual acaba ficando sempre do lado de Barrabás.
Mas a esquerda e o estamento (esquerda, há muito, significa "manutenção do poder atual") inventaram uma confusão ainda mais esdrúxula. Acreditam que uma medida privada, entre dois seres desfazendo um acordo comercial por discordância, é que afetaria a liberdade de expressão. Por exemplo, quando uma empresa, que não quer ser associada a assassinato, demite alguém comemorando assassinato. Totalmente à parte de Alexandre de Moraes.
Ou seja: o inquérito das fake news, as buscas e apreensões do inquérito das "milícias digitais" (já citamos duas coisas de definição vaporosa que não são elencadas como crimes) e as quebras de sigilo a jornalistas da CPI da Covid não afetariam a liberdade de expressão. Já uma empresa demitir alguém dizendo "que delícia o homicídio covarde de Charlie Kirk, espero que agora matem o Nikolas Ferreira"... aí seria o fim de tal liberdade.
Liberdade seletiva
Dias Toffoli, demonstrando mais uma vez seu notório saber jurídico escorrendo pelas orelhas, depois de já ter dito que a sociedade é como uma empresa, e toda empresa tem autocensura prévia, e o STF seria o "editor da sociedade" (sic), chegou a comparar casos de violência física para dizer que nem tudo é liberdade de expressão. É sempre um alento saber que estamos sendo editados pelas cabeças mais inteligentes.
É o caso de Milly Lacombe. Condenada por calúnia contra Rogério Ceni e defensora de pautas como o fim da família (esse mero detalhe), Milly Lacombe teve sua participação cancelada na Festa Litero-Musical de São José dos Campos. Teve Xandão no meio? Não.
Ela foi proibida de se expressar sobre pautas de suma importância como dizer que todos os que têm família são fascistas (enquanto o fascismo destruía a família)? Não. Teve busca e apreensão, quebra de sigilo, inquérito infinito, redes sociais bloqueadas? Não. Desmonetizada à força? Não. Mas terem cancelado sua participação em um evento... parece que seria um novo pau-de-arara.
E o Peninha? Depois de comemorar a morte do ícone do jornalismo J. R. Guzzo, também comemorou a morte de Charlie Kirk. Qual seu, digamos, "argumento"? É difícil crer que Peninha, ou qualquer esquerdista, soubesse quem era Charlie Kirk até 2 minutos antes da notícia de seu assassinato.
Mas como leram na mídia o bordão repetido "ativista de extrema-direita", já passaram a obedecer ao comando bovinamente: "Charlie Kirk mereceu ser morto, e aqui deveriam fazer o mesmo com Nikolas Ferreira e todos os bolsonaristas".
Seria uma gracinha notar como essas pessoas se julgam "antifascistas", sem perceber que pensamento teriam se estivessem na Alemanha de 33. Peninha perdeu toda a sorte de contratos (quem contrata este sujeito?!). Em uma entrevista à Folha, disse ter se arrependido da forma, mas não do conteúdo. Ou seja, se arrepende de ter perdido contratos, mas acha mesmo que é bonito dizer que as filhas de Charlie Kirk estão melhor com o pai assassinado covardemente.
E todos os esquerdistas que preconizaram a morte de Nikolas Ferreira, de Julia Zanatta, de Fernanda Salles, de Filipe Martins e tantos outros, antes e depois do assassinato de Charlie Kirk? Aí foi um festival de "liberdade de expressão". Onde já se viu destruir a liberdade de preconizar assassinatos a esmo por aí?!
A esquerda, o estamento, as universidades, o Dias Toffoli, acham que "regulamentação", que inquérito infinito, que busca e apreensão, que Estado policial determinando o que pode e não pode ser dito, que a censura confessada durante as eleições não afetam a liberdade de expressão.
Alguém não querer andar com Peninha na hora do recreio, não querer Milly Lacombe falando groselha em um evento, não se sentir muito confortável com tanta gente preconizando seu próprio assassinato... aí sim, parece o fim do mundo. Liberdade de expressão única e exclusivamente para defender assassinato. Não são umas gracinhas?
Juju dos Teclados também falou sobre uma das balas com o assassino de Charlie Kirk: "Outro cartucho estava escrito: 'Ei, fascista, pega essa!'". Como é fácil pregar a morte brutal e covarde de um inocente que você desconhecia até 60 segundos atrás, desde que alguém coloque um adjetivo nele, não é?




