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Egoísmo do bem
| Foto: Tumisu/Pixabay

Algumas semanas atrás, estava eu participando de uma reunião de trabalho, na qual um dos presentes apresentou um vídeo sobre os benefícios de haver mais pessoas egoístas que altruístas na nossa sociedade.

Em princípio, todos na sala se mostraram céticos quanto ao tema. A palavra “egoísmo” traz à mente uma ideia ruim, algo a ser evitado a todo custo, um comportamento reprovável e desprezível. “Seu egoísta!”, gritamos quando alguém só pensa em si mesmo. A sociedade contemporânea enfatiza a importância de virtudes como o altruísmo e a generosidade.

No entanto, no decorrer do vídeo, ficou claro para quase todos que o autor se referia a uma medida de egoísmo, não a um egoísmo por si só. Explico: ele criou uma escala em que as pessoas têm um nível de altruísmo e um nível suplementar de egoísmo. Assim, no início da escala se encontram as pessoas que têm 90% de altruísmo e 10% de egoísmo. Conforme se anda para o lado do egoísmo, as porcentagens vão evoluindo, 80/20, 70/30 e assim por diante, até chegar às pessoas 100% egoístas, grupo composto por psicopatas e sociopatas.

A tese do autor é de que somente as pessoas que têm mais de 60% de egoísmo são capazes de adicionar valor econômico à sociedade, pois são as pessoas que fazem acontecer, que traçam planos e os realizam, que escolhem seus caminhos e os trilham independentemente da vontade de outras pessoas. De acordo com ele, até mesmo os narcisistas, que têm 90% de egoísmo para apenas 10% de altruísmo, contribuem mais para a sociedade que os extremamente altruístas.

Uma sociedade equilibrada requer uma mistura adequada de comportamentos altruístas e egoístas

Após pensar bastante sobre o assunto, entendi que o autor tem uma boa dose de lucidez. São quatro as razões que consegui elencar para justificar minha conclusão.

1. Estímulo à competitividade e eficiência econômica. Uma sociedade com uma proporção maior de pessoas egoístas pode impulsionar a competitividade e a eficiência econômica. Indivíduos egoístas, ao buscar maximizar seus próprios interesses, podem estimular a busca por melhorias, o aumento da produtividade e a inovação. A competição saudável entre indivíduos egoístas pode levar a um maior desenvolvimento econômico, beneficiando a sociedade como um todo.

2. Incentivo ao empreendedorismo e à criação de empregos. Pessoas egoístas muitas vezes têm um forte desejo de sucesso pessoal e acumulação de riqueza. Esse desejo pode impulsionar o empreendedorismo, levando à criação de novas empresas e à geração de empregos. Indivíduos egoístas podem estar mais propensos a assumir riscos, investir em ideias inovadoras e contribuir para o crescimento econômico, o que resulta em benefícios para a sociedade, como a redução do desemprego e o aumento da qualidade de vida.

3. Estímulo à responsabilidade pessoal. A presença de pessoas egoístas pode incentivar a responsabilidade pessoal e a busca pelo autodesenvolvimento. Ao se preocuparem primordialmente com seus próprios interesses, esses indivíduos são motivados a tomar decisões conscientes e a assumir a responsabilidade por suas ações. Isso pode levar a uma sociedade em que os indivíduos se tornam mais autossuficientes e conscientes de seu papel na construção de seu próprio bem-estar.

4. Estímulo ao pensamento crítico e à liberdade individual. Pessoas egoístas tendem a buscar o que é melhor para si mesmas, questionando normas e restrições que podem limitar suas escolhas. Essa mentalidade pode estimular o pensamento crítico e a busca pela liberdade individual. Indivíduos egoístas podem ser mais propensos a questionar o status quo, propor soluções inovadoras e desafiar as estruturas existentes, levando ao progresso social e à evolução das instituições.

É importante destacar que uma sociedade equilibrada requer uma mistura adequada de comportamentos altruístas e egoístas. O altruísmo continua sendo uma virtude fundamental para uma sociedade saudável e solidária. No entanto, ter um número maior de pessoas egoístas pode trazer benefícios quando há um equilíbrio entre o interesse próprio e o bem comum. O pensamento pode parecer contrário a tudo o que aprendemos desde a infância, mas o fato é que nas sociedades onde o egoísmo é quase considerado um crime – leia-se nos lugares onde foi implementado o socialismo – as condições de desenvolvimento econômico e social são muito piores que em países que estimulam o empreendedorismo e a busca por riquezas.

Se você não é um narcisista e nem um psicopata, pode valer a pena colocar uma pitada extra de egoísmo em seu dia a dia. A sociedade agradece.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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