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(Foto: Steve Morgan/Wikimedia Commons)
(Foto: Steve Morgan/Wikimedia Commons)| Foto:

Você provavelmente já ouviu alguém dizer “dinheiro chama dinheiro” ou “melhor ser o mais pobre de uma turma de ricos que ser o mais rico de uma turma de pobres”. Essa noção de que a riqueza gera mais riqueza é bem fundamentada na realidade, apesar de ser o oposto do que defendem estatistas, socialistas, comunistas, marxistas e esquerdistas em geral. Para estes, o que gera riqueza nas mãos do povo é uma entidade mágica chamada redistribuição de renda, como se fosse possível distribuir o que não foi legitimamente criado.

Recentemente, me deparei com a história de uma senhora brasileira que veio para os Estados Unidos. Mãe de uma amiga minha, ela estava falida no Brasil. Sua microempresa tinha fechado por causa da crise econômica, e sua chegada à terceira idade transformou a busca por um emprego numa missão impossível. Sem renda e sem perspectiva de melhora, ligou para a filha, que recentemente obteve a cidadania americana depois de dez anos no país, e pediu ajuda. Ela não queria dinheiro, mas uma maneira de se erguer novamente. A filha lhe ofereceu uma oportunidade: “Mãe, venda tudo o que sobrou e venha para cá. Eu pago a sua passagem e o seu visto e você pode morar comigo por um tempo”. Mesmo sem nunca ter nem sequer saído do estado de São Paulo, a senhora topou. Em menos de três meses conseguiu vender tudo e doar o que não foi possível vender. Seus 61 anos de vida no Brasil foram reduzidos a duas malas grandes e uma pequena, embarcadas com destino à Flórida no início deste ano. Chegou aos Estados Unidos num sábado e na segunda-feira seguinte já tinha conseguido um emprego de meio período. Um tempo depois, recebo uma ligação de minha amiga perguntando se eu a ajudaria a comprar um carro para a mãe. Respondi que sim, e fui informado de que o veículo não poderia custar mais que US$ 3 mil. Passaram-se três dias e lá estava ela, pegando seu Hyundai Sonata 2003 completo – ar digital, teto solar, motor V6, banco elétrico – pela bagatela de US$ 2,7 mil, o equivalente a um mês e meio de salário. Fez um plano de telefone celular com ligações, mensagens e dados ilimitados por US$ 30 mensais. Para recompor o guarda-roupa, foi até a Ross, loja que vende coleções de moda antigas por uma fração do preço original, e levou mais de 15 peças por US$ 110. A compra foi tão boa que ela continua contando a mesma história sempre que nos encontramos.

O que essa senhora experimentou, e o que eu e tantos outros brasileiros temos experimentado, é uma vida em meio à riqueza e pujança econômica. Quem já andou pelas favelas de São Paulo ou de qualquer outra capital brasileira tem dificuldade de acreditar que está andando num bairro pobre quando vem a Orlando. A economia de mercado e a ampla concorrência fazem da América um lugar acessível; em outras palavras, é muito melhor ser pobre aqui que no Brasil.

A esperança messiânica que os brasileiros têm no Estado é um entrave fatal ao desenvolvimento de nosso país. O maldito conceito de que o governo precisa fazer algo por nós é a pior de nossas chagas. A geração de riqueza e a economia de mercado fazem pelos pobres americanos muito mais do que nosso governo astronomicamente inchado e burocrático faz pelos pobres brasileiros. Para piorar, a intervenção estatal não se restringe à economia; ela avança sobre todas as liberdades individuais, transformando os cidadãos em crianças incapazes. Eu vi, alguns dias atrás, um exemplo de como a interferência do Estado na vida do cidadão está chegando a níveis absurdos e inacreditáveis. De acordo com reportagens exibidas nos principais portais de notícias brasileiros, o Ministério da Saúde quer proibir o refil gratuito de refrigerante em lanchonetes e restaurantes. Sim, é isso mesmo que você leu: o governo quer proibir as lanchonetes de lhe oferecer refil gratuito porque o governo entende que você é tão imbecil que não consegue nem decidir por si mesmo a quantidade de refrigerante que deve tomar. Para o Estado, não passamos de 200 milhões de imbecis que precisam ser tutelados em tudo o que fazem. O Estado se mete em nossa alimentação, em nosso relacionamento familiar, em nosso emprego, em nossa conta bancária, em nossa casa e até mesmo em nossa fé. Quanto mais alimentarmos esse monstro, menos riqueza e liberdade sobrarão em nossas mãos.

O brasileiro precisa aprender a odiar o Estado. Qualquer sentimento mais fraco que esse não será suficiente para gerar a mudança de paradigma de que precisamos.

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