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Desafio à resistência
| Foto:
Walter Alves/ Gazeta do Povo
O curitibano Guilherme Manocchio intensificou os seus treinos na natação para tentar melhorar a sua marca em Florianópolis

Eles são super-heróis, de grande força, velocidade e resistência. À primeira vista, é o que se pensa dos 2 mil atletas – profissionais e ama­­dores – que vão disputar amanhã, a partir das 7 horas, a 11ª edição do Ironman Brasil, em Jurerê Internacional, a praia de luxo de Florianópolis (SC). Afinal, nadar 3,8 km, em seguida encarar 180 km de ciclismo e ainda ter forças para correr uma maratona (42,2 km) não parece ser tarefa para simples mortais.

Engana-se, no entanto, quem acha que o vencedor é quem leva o título da prova (“Homem de Ferro”) ao pé da letra. Claro que os atributos físicos são essenciais, mas os superatletas ideais do desafio que dura, no mínimo, oito horas para ser completado precisam ter controle emocional. E muito.

Essa é a primeira constatação do triatleta curitibano Guilherme Manocchio, paranaense melhor colocado na edição nacional do Ironman 2010, em 7º lugar (o melhor brasileiro foi o goiano Santiago Ascenço). “É preciso controle emocional e psicológico desde os treinamentos, porque nem sempre é fácil manter-se treinando de seis a dez horas diárias. E durante a prova, para não largar muito forte e ‘quebrar’”, diz.

Aos 29 anos, ele vai para seu se­­gundo Ironman Brasil com o objetivo de melhorar sua marca e ficar entre os cinco primeiros na prova que classifica os melhores amadores da América do Sul para a edição do Havaí. Não é o caso dele. Para os profissionais como Manocchio, o caminho é mais longo: o Ironman tem várias edições pelo mundo durante o ano. Classificam-se para a etapa havaiana os 50 melhores do ranking mundial.

Do começo

Manocchio conta que se surpreendeu com o 7º lugar no ano passado. “Não esperava. Queria terminar bem a prova, mas não imaginava ficar entre os dez. Para este ano, foquei principalmente o ciclismo, em que não fui tão bem em 2010.”

O curitibano pratica triatlo desde os 13 anos e dedica-se exclusivamente às longas distâncias desde que chegou em 3º lugar na disputa do Long Distance de Caiobá, em 2004. O evento é o último teste para quem vai competir o Iron­­man. “Em 2005, treinei especificamente para essa prova [o Long Distance] e venci”, diz.

De lá para cá, acumula cinco títulos de campeão brasileiro em triatlo de longa distância (3 km de natação, 80 km de ciclismo e 20 de corrida) e o bicampeonato no Long Distance.

Modo de usar

No Ironman, explica Manoc­­chio, não há muito que inventar: é preciso disciplina e dedicação. Al­­go que lembra, de certa forma, os hábitos dos samurais. “Tem de programar bem os treinamentos, os horários de alimentação e o que se come. O descanso é essencial, por volta de dez horas diárias de sono.”

Com uma agenda tão cheia para a corrida, ciclismo, natação, musculação e trabalho não é de se espantar que as festas e encontros com amigos fiquem em segundo plano. “E, às vezes, até a família”, diz o triatleta.

Ele garante que a superação vem da mente e dos pensamentos positivos. “Durante a prova, penso isto: estou fazendo o que escolhi fazer”. Conselho que talvez valha mais que qualquer sugestão de estratégia ou ajuste de equipamentos, afinal, quem chega ao Iron­­man já teve tempo de testar muitas dessas dicas em outras provas.

Se a estratégia realmente funciona, então este ano Manocchio tem um trunfo: pode dedicar parte do desafio para pensar na chegada de Gabriel, seu primeiro filho, que nasce no final de junho.

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Curiosidades

O recorde do Iron é do australiano Luke McKenzie, que completou a prova em 8 horas 7 minutos e 37 segundos em 2010.

– Nesse tempo é possível ir de Curitiba até Foz do Iguaçu, de carro, com velocidade média de 80 km/h. De avião, seria possível ir de Curitiba a Havana (Cuba), em um voo direto.

– Nunca um brasileiro venceu em 11 edições nacionais. Fernanda Keller foi campeã em 2008 e larga amanhã.

– Para grande parte dos amadores, a realidade do Ironman é começar a nadar antes do sol nascer e ainda estar sofrendo o desafio dos 42 km de corrida ao anoitecer.

– A prova movimenta R$ 10 milhões no turismo em Florianópolis.

– As 2 mil inscrições se encerraram em 72 horas. Haverá representantes de 34 países.

– Os triatletas se alimentam durante a prova. O “petisco favorito” são saches de carbogel e bebidas isotônicas. Até Coca-Cola entra no cardápio: tem alto teor de açúcar e cafeína, que é estimulante.

– O Ironman Brasil distribui 75 mil dólares em prêmios.

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