• Carregando...
Esforço recompensado
| Foto:

Avanço da idade traz experiência para aproveitar melhor a vida, mas exige atenção especial às necessidades do corpo

Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Silas Foltran, de 75 anos, não desgruda da bicicleta: os exercícios o ajudaram a largar os remédios

A terceira idade já representa 10,8% da população brasileira, segundo o Censo 2010. São cerca de 20,5 milhões de brasileiros que, para poder usufruir das benesses que a experiência de vida oferece, precisam estar atentos às necessidades que o corpo, mais desgastado, passa a demandar.

Fortalecer os músculos e reduzir a perda de flexibilidade, desafios naturais do envelhecimento, são exemplos do que se procura nos exercícios para esse público. “Às vezes, o idoso não consegue nem abaixar e amarrar o sapato. A partir dos 20 anos, a pessoa já começa a perder massa magra. Aos 40, a recomposição óssea fica mais lenta. Essa perda é generalizada, então a gente treina modalidades que envolvem o corpo inteiro, caso da musculação e da natação”, explica o professor da Academia FIT, de Curitiba, Bruno Go­­doy.

O médico ortopedista José Magalhães acrescenta que é preciso alongar bem e trabalhar os músculos de sustentação do corpo, como os das coxas, das costas e do abdome. “Com os cuidados do alongamento e evitando sobrecargas, até uma pessoa com artrose pode fazer as atividades. E o indicado é praticar exercícios de equilíbrio, para diminuir o risco de quedas, pensando sempre no bem-estar”, ressalta.

Os anos costumam trazer a tiracolo incômodos específicos, como dores na coluna e nas articulações e algumas doenças: pressão alta, osteo­­porose e diabete, por exemplo.

O combate a esses obstáculos não tem idade ideal para começar. Quanto antes o corpo estiver em movimento – de preferência sob supervisão –, mais fácil minimizar os efeitos do tempo no organismo. Uma conscientização ainda distante. “A maioria espera o médico recomendar. [Os exercícios] ajudam muito, alguns [alunos] deixam até de tomar medicamento”, destaca Godoy.

Esse é exatamente o caso do dentista aposentado Silas Foltran, 75 anos. Por causa da profissão e de erros de postura, ele sofria com as dores na coluna. Há 15 anos, entretanto, começou a se exercitar regularmente. “Antes eu era sedentário, no máximo caminhava. Tinha problemas de escoliose, lordose, tudo isso aí. No ônibus, como eu não aceitava lugar, tinha de andar na pontinha do pé por causa do impacto. O pessoal pensava que eu era meio doido”, conta Silas, sempre calmo e bem-humorado.

“Consultei o médico e ele disse que eu devia fazer RPG ou pilates. Agora durmo, respiro e me alimento melhor: cortei o pão e como muita fru­­ta. Banana, mesmo, como umas quatro e não tomo remédio nenhum.”

Hoje, não há um só dia em que Silas não faça atividades físicas. Acorda às 5h40 e já encontra a companheira de duas rodas. A paixão pela bicicleta, aliás, começou meio que por acaso. Há 12 anos, com problemas de visão, ele parou de dirigir e passou a usar a “magrela” para tudo.

“Comprei até uma de cestinha, vou ao mercado, faço tudo com ela, até na chuva. Não largo mais. Ao todo, tenho quatro”, conta ele, para explicar, em seguida, que cada bicicleta tem uma finalidade, já que pratica cicloturismo e pedala cerca de 120 km no asfalto e em estrada de chão. Isso aos sábados e domingos.

Durante a semana, percorre 15 km para ir e 15 km para voltar da academia. Além das sessões diárias de musculação, faz aulas alternadas de pilates e ioga. Religiosamente.

E a fé nos exercícios é tanta que Silas, como ele próprio brinca, passou até a “pregar por aí”: “tento convencer todo mundo que eu encontro. O resultado das atividades demora, no mínimo três meses. Mas é o que eu sempre falo: às vezes, as pessoas dizem que não têm tempo. Mas se não tiver tempo agora, vai ter que encontrar depois para ir ao médico”.

Conselho de quem encontrou a saída para aproveitar o melhor que a idade pode oferecer: a sabedoria da experiência. É ela que faz os vovôs e vovós entenderem o que realmente vale a pena na vida.

Cuidados Médicos
Começo gradual e individualizado

Embora imprescindível, o exercício físico na terceira idade demanda ainda mais cuidados, já que a saúde dessas pessoas, naturalmente, pode apresentar mais fragilidades. O ortopedista José Magalhães – que lida, portanto, com muitos dos problemas que motivam o início das atividades – frisa que é fundamental fazer o check-up com antecedência, inclusive o cardiológico.

“E mesmo as pessoas que tenham uma insuficiência cardíaca podem fazer uma caminhada, num ritmo mais moderado, sem pressa”, salienta. Moderado também deve ser o começo dos treinos. “E a planilha de exercícios de tem de ser muito criteriosa, analisando cada dificuldade, para não sobrecarregar”, completa o médico.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]