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Velocidade inconstante
| Foto:
Wester Fernando/ Divulgação
Para chegar ao topo do morro em Rio Branco do Sul, os corredores abrem mão do ritmo das passadas em troca de adrenalina em percursos desconhecidos

Em vez de manter o ritmo no asfalto, que tal encarar variações bruscas de velocidade na corrida em montanha? Primeiro, esqueça o pace – relação entre o tempo e a distância percorrida – e saiba que, nessa modalidade, é comum trocar a aceleração pela caminhada, muitas vezes parar, contar com a ajuda das mãos e, em alguns mo­­mentos, até engatinhar.

A corrida em montanha tem atraído a atenção de atletas que já cumpriram toda sorte de desafios nas ruas e querem uma nova motivação nos treinos. Para os colecionadores de recordes pessoais, mais um aviso: o parâmetro de evolução não é a diminuição de marcas no cronômetro, mas sim a melhora do traquejo para vencer terrenos acidentados na terra, na lama, na rocha e em rios.

A corrida em montanha não é melhor nem pior que no asfalto. Simplesmente é diferente. Con­­quista adeptos por vários motivos: o prazer de rememorar a infância, quando se corria sem a preocupação de se sujar ou se molhar; o contato com a natureza; a maior interação com companheiros de treino; o fortalecimento muscular de todo o corpo; a melhora da capacidade cardiorrespiratória; a possibilidade de unir turismo e esporte. Tudo conta.

Na prática

Muitas vezes confundida com outras modalidades do esporte (veja box ao lado), as corridas em montanha são reconhecidas pela IAAF (Federação Internacional de Atle­­tismo). A Confederação Bra­­sileira de Atletismo (CBAt) determina que sejam realizadas pelo campo, envolvendo um número mínimo de subidas, que variam entre 250 e 1,2 mil metros, conforme a categoria (masculino e feminino, juvenil e adulto), para um percurso de 12 quilômetros.

“Hoje, Paraná e São Paulo têm circuitos da modalidade. No Pa­­raná, a primeira corrida em montanha foi em 2006, com 11 atletas. Este ano, o circuito tem cinco etapas, com média de 120 corredores em cada uma”, diz Kleber Ri­­cardo Pa­­checo, responsável pela Naven­tura Mar­­keting e Turismo, empresa organizadora do circuito.

Ao contrário das provas de rua, em montanha o trajeto não é co­­nhecido com antecedência. E, diferentemente dos desafios de orientação, a rota é sinalizada no local, sem que o atleta precise ler cartas topográficas.

Os trajetos compreendem desde trilhas mais fechadas, com obstáculos como rochas, riachos, rios e troncos, até trechos em planos abertos e de chão batido. “Em descida, há quem se lance em uma disparada de até 25 km/h”, conta o técnico da MTS Performance, Marcos Ta­­vares da Silva, o Tomate.

A média de velocidade em uma prova é de 10 km/h, isso porque é comum parar e escalar barrancos ou escolher o melhor ponto para atravessar um rio. “Quando fizemos uma corrida noturna em Mor­retes, os atletas se reuniam em grupos, para que a luz de suas lanternas, juntas, permitisse ver melhor para onde ir”, lembra a professora Nicole Guaita, de 28 anos, que trocou o asfalto pelos morros e montanhas há dez meses.

Para encarar o desafio, a forma de treinar precisa de ajustes. To­­ma­te aconselha um período de transição, no qual as corridas no asfalto ganham trechos nas trilhas dos parques, ou em estradas de chão batido. “É importantíssimo agregar a prática da musculação. De 15 em 15 dias, em um segundo estágio, incluem-se os treinos em rotas de competição. Importante é sempre fazê-las em grupo, com quem conheça o caminho”, orienta.

Equipamentos

Não é só o estilo das passadas que muda na passagem da corrida de rua para a em montanha. O visual também exige adaptações para tornar a prática mais segura. A principal é nos pisantes. Nada que exija um investimento além do que já é feito para acelerar na pista. Um bom par de tênis com as características ideais para correr em montanha custa em torno de R$ 300.

O calçado não pode ter amortecimento extra, para não atrapalhar no equilíbrio, reforço na região do tornozelo, para evitar lesões e solado com garras para minimizar o risco de deslizes. “Alguns modelos têm uma camada de fibra de carbono na sola, que evita que espinhos machuquem os pés”, diz o técnico da MTS Performance, Marcos Tavares da Silva, o Tomate.

“Também é importante que o tênis permita a entrada e, especialmente, a saída de água”, lembra o responsável pela Naventura Marketing e Turismo, empresa organizadora do circuito, Kleber Ricardo Pacheco.

Para minimizar a fadiga muscular, alguns atletas usam meias ou calças de compressão. Aliás, usar calças e camisetas de manga longa protegem a pele de pequenos arranhões que as plantas nas trilhas podem causar. “Indico aos meus alunos que usem luvas, daquelas para mountain bike, para proteger as mãos”, diz Tomate.

Onde praticar

As provas de corrida em montanha começaram em 2006 e, atualmente, o circuito tem cinco etapas, em cinco cidades diferentes. A última delas será dia 9 de outubro, na Ilha do Mel, com a disputa das corridas de 12 km e 6 km, para iniciantes na modalidade. Confira quais são as características de cada um dos percursos da disputa:

Morro da Cruz, em Colombo – Com largada no Bosque da Uva, é um dos percursos mais fáceis do Circuito. Não à toa é o que abre a temporada. Com bastantes trechos em estradas de chão batido e com trechos técnicos de baixa dificuldade, torna-se imprevisível se os dias que antecederem a prova forem de chuva.

São Luís do Purunã – Região já bastante conhecida pelo turismo rural, mas ainda sendo desvendada pelos esportistas. Por estar na transição do Primeiro para o Segundo Planalto, a competição passa por regiões de canyons, caracteriza-se por terrenos dobrados estradas de trilhas gramadas. A surpresa deste ano foi a travessia de 300 metros de extensão por um rio com água até o joelho.

Variedade

Veja os tipos de corrida que acontecem fora do asfalto:

Corrida em montanha

Tem de ser feita fora do asfalto, com áreas de subida. Em geral, são trajetos de 12 quilômetros por trilhas na mata e estradas de chão.

Corrida de aventura

Pode exigir o uso de cartas topográficas e é composta por outras modalidades esportivas além da corrida, como canoagem, rapel e natação.

Cross country

Realizada somente em estradas de chão batido, sem trechos de obstáculos.

Fonte: Kleber Ricardo Pacheco, responsável pela Naventura Marketing e Turismo, empresa organizadora do Circuito Paranaense de Corrida em Montanha.

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