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O que você diria se alguém viesse avisar que tem um sujeito parecendo querer estuprar sua filha, ou irmã, esposa, mãe, e para evitar que isso aconteça ele mesmo irá estuprá-la?
O que você diria se alguém viesse avisar que tem um sujeito parecendo querer torturar seu filho, ou irmão, marido, pai, e para evitar que isso aconteça ele mesmo irá torturá-lo?
O que você diria se alguém viesse avisar que tem um sujeito parecendo querer sequestrar você, e para evitar que isso aconteça ele mesmo irá sequestrá-lo?
O que você diria se alguém viesse avisar que tem um sujeito parecendo querer roubar sua casa, e para evitar que isso aconteça ele mesmo irá roubá-la?
A “volta à normalidade” só pode acontecer se a verdade sobre estes anos de juristocracia e censura forem passados a limpo
E o que você diria se alguém viesse avisar que tem um sujeito parecendo querer abolir o Estado Democrático de Direito, e que para evitar que isso aconteça ele mesmo irá aboli-lo?
Pois bem, digamos que um terceiro, que também achava que o tal sujeito parecia querer cometer algum desses crimes, testemunhe a “proteção” do seu “salvador”. Agora, este terceiro acredita que o perigo foi evitado e, portanto, não há mais razão para a continuidade daquela “proteção”, suplicando ao “protetor” que pare e volte à normalidade. O que você diria a este terceiro também?
Aconselho a não me responder; provavelmente será algo semelhante ao que eu responderia. E, se dissermos o que realmente pensamos, periga sermos acusados de estarmos a cometer um atentado contra o Estado Democrático de Direito.
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“Acredito que nós estejamos encerrando os ciclos do atraso na história brasileira, marcados pelo golpismo e pela quebra da legalidade constitucional. Sou convencido de que algumas incompreensões de hoje irão se transformar em reconhecimento futuro.”
Esta fala é do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, ao fim do julgamento que condenou, dentre outros, Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão.
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Não estou convencido de que a incompreensão dos senhores ministros do quanto rasgaram a Constituição Federal e mataram a democracia será transformada um dia em reconhecimento futuro da parte deles.
Mas, se por milagre acontecer, aí sim será possível acreditar que, ao menos, este ciclo de atraso iniciado em 2019 pelo STF foi, enfim, encerrado.
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Enquanto isso, a “volta à normalidade” só pode acontecer se a verdade sobre estes anos de juristocracia e censura forem passados a limpo.
Comecemos por algo simples: Quantas vozes o Supremo calou?
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos




