
Francisco Razzo

Francisco Razzo
Meninos e meninas
- [23/10/2019] [00:01]

- [23/10/2019] [00:01]
Meninos brincam de carros, espadas e guerras; meninas de bonecas, vestidos e castelos. Meninos desenham heróis que lutam contra vilões; meninas preferem desenhar flores e paisagens. Meninos e meninas são diferentes por razões muito mais profundas do que a vã ideologia sugere. Às vezes ocorre o contrário, meninos podem querer brincar de bonecas, enquanto meninas podem querer brincar de carros. Meninas querem desenhar dragões e heróis; meninos preferem vestidos e flores. E isso tudo não deveria ser um problema para quem preza pela realidade efetiva das diferenças entre os gêneros. Gênero importa mais do que imaginamos.
Qual o problema de ensinar meninos a serem cavaleiros e meninas a serem damas? Não, não se trata de um bordão político-conservador — também não gosto de gente retrograda: “meninos vestem azul e meninas vestem rosas”. É preciso superar estereótipos. Ser homem de verdade não significa ser o “machão” que abusa de mulheres, que não troca a fralda dos filhos e que não faz trabalho doméstico. Ser homem de verdade não tem nada a ver com “ser jogador de futebol”. Assim como ser mulher de verdade não significa ser donzela cuidando da casa, dos filhos e submissa ao marido.
Estereótipos não são a realidade. Estereótipos são preconceitos culturais. Sim, isso também existe e atrapalha a compreensão dos fatos. Pelo menos assim pensa o médico Leonard Sax, autor do livro Por que gênero importa?
Meninos e meninas são diferentes por razões muito mais profundas do que a vã ideologia sugere
Aqui no Brasil, o livro de Sax acabou de ser lançado pela Editora LVM. Nos Estados Unidos, já é best-seller. Sax convence: menino é menino; menina é menina. São diferenças fundamentais. Começam nas capacidades de ver, ouvir e cheirar. A visão, a audição e o olfato dos meninos são diferentes dos de meninas. Além disso, meninos e meninas são diferentes na disposição de correr riscos. São diferentes quanto ao modo de perceber o movimento. São diferentes quando desenham. São diferentes no modo como criam laços de amizade. São diferentes, por fim, na hora de aprender matemática, física, história e poesia.
Todas essas diferenças não querem dizer que meninos são superiores e meninas inferiores. Pensar assim é ser um idiota. As diferenças constatadas significam apenas que meninos e meninas são diferentes e isso importa na hora de educar e se desenvolver maturidade para encarar a vida adulta. Essas diferenças são importantes para que pais e professores não percam a oportunidade de educar seus filhos da melhor maneira possível, para serem pessoas melhores, mais responsáveis e virtuosas.
Leonardo Sax pode não convencer ideólogos presos em seus esquemas mentais e dogmas. Agora, se você está interessado em dados e ciência, não irá se decepcionar em percorrer as páginas desse livro escrito com clareza e objetividade. Sax coloca as coisas nos seus devidos lugares, principalmente numa cultura que trata qualquer menino que gosta de balé e de se vestir de menina na infância como transgênero. Ele recomenda prudência. Nada mais justo. Pois a partir dessa confusão, oferecem atalhos para transformar essas crianças — que precisam de atenção e cuidado — em cobaias de movimentos que desprezam os fatos.
E que fatos seriam esses? Como diz Sax com sua escrita cristalina: “O gênero é uma realidade. O gênero importa. Você não pode ignorar a realidade, se quiser; e ignorá-la não vai fazê-la desaparecer”. Assim mesmo, sem meias palavras. E ele argumento que “ignorar o gênero ou fingir que o gênero não importa tem gerado uma cultura utópica de cidadãos virtuosos (só utópica). Tais atitudes têm gerado uma cultura na qual meninos e meninas estão tentando descobrir sozinhos, sem a orientação de um adulto, o que significa ser um homem e uma mulher de verdade. Uma consequência disso são meninos disputando jogos violentos e meninas trocando fotos sensuais pelo Snapchat”. Não vai dar certo, porque a realidade cobra um preço alto. São muitos os relatos que Sax apresenta do livro.
O fato é que gênero não é virtude; coragem é virtude; senso de justiça, honestidade, generosidade, gentileza, veracidade, agilidade, amizade, modéstia, justa indignação, temperança, prudência e autonomia são virtudes. Machismo e feminismo não são virtudes; machismo é vício; feminismo, ideologia. Assim como são vícios covardia, preguiça, pedantismo, malevolência, insensibilidade, indiferença, grosseria, insolência, indecência, atrevimento, volúpia, licenciosidade, libidinagem, devassidão, orgulho, vaidade e arrogância. Ideólogos são vaidosos e arrogantes. Uma cultura que despreza as diferenças de gênero promove confusão entre virtudes e vícios, simplesmente porque perde a medida das coisas – é uma cultura que perdeu meninos e meninas para ideólogos.
Crianças brincam para simular, com o poder da imaginação, as possibilidades efetivas da realidade, as exigências tangíveis do mundo. Não precisam ser espartanas, mas devem antecipar as ameaças, os perigos, as conquistas, as decisões e as responsabilidades que a vida adulta exigirá. A imaginação treina o intelecto, a autonomia, a liberdade e o senso de dever. Brincar é exercício de imaginação, que diferenciará o certo e errado, o justo e o injusto, o virtuoso e o vício. Para entender o tipo de brincadeira das crianças, é preciso entender as diferenças fundamentais entre meninos e meninas. São diferenças na constituição biológica, na experiência do corpo, na configuração neurológica, e não mero dado cultural.
Quando dizem que “a ideia de que há brinquedos de menina e de menino está atrelada a um preconceito que a gente vai encucando nas crianças” o que ela faz não é nada além de atribuir ao mundo imaginário da brincadeira de menino e de menina — pelo qual, cada um a seu modo, distinguirá virtudes de vícios — o mundo ideológico e homogeneizado dela, onde tudo será permitido. Mas nem tudo é permitido, e a primeira constatação desses limites esta na diferença entre meninos e meninas.
Comentários [ 10 ]
Ricardo
± 3 dias
Gostei demais desse seu resgate da virtude. Muito além das discussões ideológicas precisamos resgatar os valores mais sublimes do ser humano. Obrigado por nos fazer refletir sobre a importância de fazer valer o bem, o equilíbrio e o bom senso da nossa razão!
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B.
± 3 dias
Povo preocupado com a vida alheia, enquanto isso Globo, seus primos e Guedes esfolam a Economia. Acorda gado.
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Adriel Farias
± 3 dias
Que ******! O que tem uma coisa com a outra ?
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Bruno Sampaio de Souza rezende
± 3 dias
Acuma??? Globo E Guedes? Só o Globo quer "esfolar a economia" para manter a teta jorrando dinheiro fácil! É cada uma que a gente lê!
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Vitor Chvidchenko
± 3 dias
Excelente, muito bem escrito.
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Guilherme Milone Silva
± 3 dias
Oi Francisco, boa recomendação este livro do Sax. Quanto ao artigo, devo fazer uma pequena e importante correção: mulheres devem sim ser submissas a seus maridos. Isso nos ensina São Paulo em suas epístolas. Seus maridos devem em contrapartida, respeitá-las e não subjugá-las. Submissão significa estar sob a mesma missão, ou seja, realizar a vontade de Deus. Subjugar vem de jugo, aquele instrumento para atrelar animais de tração. É provável que vc já saiba disso, mas não custa lembrar. Espero ter ajudado. Grande abraço
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Ivan S Ruppell Jr
± 3 dias
Conteúdo e coerência são as ferramentas da sabedoria. Muito bom texto.
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Admar Luiz
± 3 dias
O transgenerismo assim como o politicamente correto são as pragas hodiernas. Coisas de ******* à serviço de uma ideologia nefasta e retrógrada. Neste planeta há o masculino e o feminino. Meninos vestem azuis sim, como meninas vestem rosa sim. O resto é blablablá de pais pós moderninhos querendo mitar. Claro que se deve respeitar eventuais alterações nas leis biológicas deste planeta atrasado. Filhos gays, por ex, devem ser respeitados, amados na mesma intensidade dos filhos héteros. Mas, a realidade biológica se impõe, quer queiram ou não.
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LENICE BODSTEIN
± 3 dias
Interessante mesmo sobre o gênero . Parabéns Poderia complementar sobre o gênero convocando igualdade cidadã!m?
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André
± 4 dias
Muito bom!
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