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O ensino da Escritura sobre o anseio do Deus de Israel de libertar os cativos continua atual, orientando-nos claramente sobre nossa responsabilidade de ajudarmos a libertar aqueles que estão em cativeiro. O profeta Isaías afirmou sobre o Messias que viria: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim [...] enviou-me a [...] proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Isaías 61.1). Na “plenitude do tempo”, o Senhor Jesus afirmou que essa profecia se cumpriu nele e em sua vinda, quando leu esta passagem de Isaías na sinagoga de Nazaré: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir” (Lucas 4.17-21). O mundo ainda está cheio de cativos aguardando liberdade, tanto para a alma quanto para o corpo. Atualmente, Israel enfrenta uma dura batalha para resgatar seus cidadãos mantidos reféns pelo grupo terrorista Hamas. Essas pessoas estão vivendo em terror, enquanto suas famílias aguardam ansiosamente por sua volta. O que essa profecia, que se cumpriu em Jesus, nos ensina sobre essa situação?
O que a Escritura diz sobre cativeiro
Se o Messias de Israel veio trazer libertação, então o Deus criador espera que seu povo lute pela liberdade daqueles em cativeiro. O Deus criador não ignora o sofrimento das pessoas, especialmente daquelas em aliança com ele. Quando cativos no Egito, o Todo-Poderoso prometeu aos israelitas: “Eu sou o Senhor. Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito, vou livrá-los da escravidão” (Êxodo 6.6).
O livro de orações de Israel também reforça a ideia de que os membros da aliança devem levar liberdade aos que estão em cativeiro injusto: “Socorram os fracos e os necessitados, tirando-os das mãos dos ímpios” (Salmo 82.4). O chamado à ação aos fiéis da aliança é inegável. E essa liberdade não se refere apenas à liberdade física, mas também à liberdade espiritual. Deus não se preocupa apenas com a justiça e a dignidade dos seres humanos, mas também com a salvação das almas.
Desde os tempos antigos, Deus se revela como o libertador do seu povo. Quando Israel estava injustamente cativo no Egito, Deus interveio com força total através de Moisés para trazer liberdade de forma espetacular ao povo da aliança. Essa história continua sendo uma poderosa memória de que Deus sempre esteve do lado dos oprimidos. Por isso, ele chama os seus filhos para agir em favor daqueles que estão injustamente aprisionados.
A crise dos reféns em Israel
Em outubro de 2023, o grupo terrorista Hamas realizou um ataque brutal contra Israel, matando 1.180 pessoas, ferindo 3.400 e sequestrando 251 reféns. Famílias inteiras foram destruídas ou separadas em questão de horas. Militares, mulheres, crianças e idosos foram levados à força por terroristas e civis palestinos para Gaza, e muitos ainda estão em cativeiro. Não se sabe ao certo quantos ainda estão vivos.
Desde então, Israel tem lutado incansavelmente para trazê-los de volta. Nas últimas semanas, algumas negociações resultaram na libertação de um pequeno número de reféns, após quase 500 dias em cativeiro desumano. Essas libertações ofereceram um momento de esperança, mas a batalha de Israel pelo retorno dos sequestrados está longe de acabar.
O povo de Israel entende a gravidade da situação e sente a responsabilidade moral de trazer seu povo de volta com vida. Mas essa missão é cheia de desafios. O governo israelense tem de tomar decisões difíceis, pois cada negociação pode ter consequências no futuro.
Libertar reféns muitas vezes envolve escolhas difíceis. Israel já teve que negociar a soltura de prisioneiros palestinos, muitos dos quais terroristas condenados, para recuperar cidadãos sequestrados. Em 2011, por exemplo, 1.027 prisioneiros palestinos (responsáveis por 569 israelenses mortos) foram libertados em troca de um único soldado israelense, Gilad Shalit, capturado em Kerem Shalom, na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, por terroristas palestinos, em 2006. Essa decisão gerou um intenso debate: de um lado, havia o imperativo moral de salvar uma vida inocente; de outro, a preocupação de que tais trocas incentivam mais sequestros.
No judaísmo, o princípio de pikuach nefesh ressalta o valor infinito da vida humana, ensinando que salvar uma única vida é como salvar o mundo inteiro. Esse princípio muitas vezes orienta as decisões de Israel em relação a situações com reféns. O pidyon shevuyim é um dever religioso do judaísmo de assegurar a libertação de um judeu capturado por traficantes de escravos ou ladrões, ou preso injustamente. A libertação do cativo deve ser obtida por meio de reconciliação, negociações de resgate ou perseguição incansável. É considerado um mandamento essencial na lei judaica.
O papel da comunidade internacional
Embora Israel tenha tomado medidas concretas para resgatar seus reféns, a comunidade internacional também tem uma responsabilidade nesse cenário. A ONU, a Cruz Vermelha e outros organismos globais deveriam se posicionar firmemente contra o uso de reféns como moeda de troca em conflitos – mas, infelizmente, silenciaram diante das ações dos terroristas do Hamas. Além disso, governos ao redor do mundo precisam pressionar ainda mais os grupos terroristas islamitas e seus financiadores para evitar que sequestros sejam utilizados como estratégia de guerra.
Mas pessoas comuns podem assumir um papel importante, aumentando a conscientização sobre esses casos, apoiando organizações que trabalham para libertar reféns, protestando em lugares estratégicos e pressionando políticos a tomarem medidas concretas.
Como podemos agir?
Como cristãos, temos o dever de agir. Podemos começar orando pelos cativos e seus familiares, pedindo a Deus que intervenha em suas situações. Também podemos apoiar organizações que trabalham ativamente para resgatar reféns e vítimas de tráfico humano. Outra forma de contribuir é por meio da ação política, exigindo que nossos governantes tomem medidas concretas para combater essas injustiças e apoiem a libertação dos cativos.
A Escritura nos chama a ser a voz dos que não podem falar: “Liberte os que estão sendo levados para a morte e salve os que cambaleiam ao ser levados para a matança” (Provérbios 24.11). O silêncio diante da injustiça não é uma opção para aqueles que seguem o Deus de Israel.
Diante daqueles cativos ao pecado e aos demônios, o papel do cristão vai além da oração e do apoio tangível. Como seguidores do Messias Jesus, somos chamados a levar a luz do evangelho para aqueles que estão nas trevas, cativos pelo pecado e pela opressão espiritual.
A esperança na promessa de Deus
Mesmo em um mundo repleto de cativos injustamente, há esperança. A Escritura nos assegura que o Deus de Israel é o libertador: “O Senhor liberta os encarcerados” (Salmo 146.7). O Criador continua agindo hoje, por meio de seu Messias, quebrando correntes e restaurando vidas integralmente, tanto a alma como o corpo feridos pelas injustiças de terroristas e governantes autoritários, assim como pelo pecado, iniquidade e poderes demoníacos do mal.
A ordem bíblica de libertar os cativos é uma responsabilidade que pesa para cada um de nós, judeus e cristãos. Sejam os reféns em Israel, os escravizados pelo pecado ou aqueles presos por regimes opressores, Deus nos chama a agir.