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Talvez daqui a alguns anos não exista mais Dia das Mães nem Dia dos Pais na maioria das escolas. E não é só aqui no Brasil: em todo o mundo há uma tendência de escolas sucumbindo a investidas “progressistas” para lentamente apagar do calendário datas tradicionais, de grande relevância.
Essas investidas acontecem a todo tempo, todos os anos, e miram diferentes datas comemorativas. Semanas atrás uma cidade mineira tentou censurar professores para não falarem aos alunos sobre as raízes cristãs da Páscoa, mas a repercussão negativa foi tanta que a Prefeitura precisou recuar.
Por outro lado, o apagamento do Dia das Mães e do Dia dos Pais tem acontecido de forma sutil, mas progressiva, tanto na rede pública quanto em escolas particulares, com a substituição por termos genéricos, como “Dia da Família” ou “Dia de Quem Cuida”.
As justificativas para isso à primeira vista podem ser consideradas plausíveis, mas não se sustentam. Um dos argumentos seria evitar o sofrimento de crianças que não têm pai ou mãe. Parece justo, mas não é, e os primeiros e mais injustiçados são as próprias crianças.
Explico: como meu pai faleceu cedo, quando eu ainda tinha um ano, não tive a presença dele em nenhuma comemoração do Dia dos Pais na escola. Lembro que meu avô esteve presente em alguns desses eventos, em outros não. Mas isso nunca foi motivo para que eu crescesse enxergando a data como algo negativo.
Pelo contrário, entendi desde cedo a importância da data e da presença paterna – algo que pode passar despercebido por outras crianças que têm o pai por perto, por enxergarem isso como algo natural. Então esperei pelo dia em que eu tivesse um filho e pudesse estar lá, de preferência no primeiro banco, no primeiro evento de Dia dos Pais da escola.
Mas não foi assim: a primeira escola que colocamos o Vitor não celebrava Dia das Mães nem Dia dos Pais, e graças à nossa falta de experiência não nos atentamos a perguntar sobre isso antes de matriculá-lo. Esse foi um dos motivos que nos levaram a mudar para outra escola – onde, aliás, ele passou parte desta semana se preparando para uma apresentação do Dia das Mães e ouvindo as professoras falarem sobre a importância da data e da presença materna.
Na sexta-feira o Vitor fechou a porta do quarto para fazer um desenho e dar de presente para minha esposa no domingo, Dia das Mães, e não tenho dúvida de que houve uma influência positiva da escola nesse sentido.
Crianças que não têm um dos pais se beneficiam mais com a valorização desses papéis
Há outra justificativa sustentada por defensores do “Dia de Quem Cuida”: o crescimento de arranjos familiares diferentes (famílias monoparentais, casais homoafetivos, avós responsáveis pela criação, guardiões legais, etc.) acabaria invalidando o sentido da data para muitos alunos.
Esse é um pensamento absolutamente destrutivo. A importância de comemorar datas como o Dia das Mães e dos Pais é muito grande, não só para fortalecer os vínculos entre os familiares, mas também para reforçar a importância do papel de um pai e de uma mãe para o desenvolvimento socioemocional de uma criança.
Ou seja, aquela menina criada apenas pelo pai poderá ser mãe um dia. Aquele menino criado pelos avós poderá ser pai, e entender a relevância desses papéis desde cedo é fundamental, especialmente quando essas figuras faltam. Em outras palavras, crianças que não contam com a presença paterna ou materna são justamente as que mais precisam compreender o valor desses vínculos, e só assim poderão ser para seus filhos o pai ou a mãe que nunca tiveram.
Portanto é um caminho contrário: as escolas deveriam aprofundar ainda mais na valorização dos papéis materno e paterno, já que esse é um poderoso caminho para que as novas gerações tenham pais e mães presentes, afetuosos, orientadores, protetores e provedores.
Valorize escolas que mantêm datas como Dia das Mães e dos Pais
Inevitavelmente instituições de ensino que anulam datas tradicionais a título de uma suposta inclusão condenam o todo em nome das exceções.
Será que elas também deveriam eliminar as aulas de educação física para evitar o desconforto daqueles que não se destacam nos esportes? Ou deixar de ensinar certos conteúdos porque nem todos aprendem com a mesma facilidade? Ou, quem sabe, suspender as merendas nas escolas públicas para que crianças com restrições alimentares não se sintam excluídas?
Quando instituições de ensino não se importam em prejudicar um grande número de alunos em nome de uma suposta inclusão é sinal de que algo vai mal. Há um lobby muito forte para retirar muito do que é tradicional das escolas, então tenha certeza de que aquelas que dão o devido valor a essas datas estão fazendo um esforço tremendo e lidando com pressões de todos os lados.
Por isso minha sugestão é valorizar escolas que mantêm viva a celebração do Dia das Mães e dos Pais. Se seu filho está matriculado em uma instituição assim, se possível faça com que o diretor da escola saiba que você valoriza essa decisão. Um simples gesto como esse pode ser fundamental para manter viva essa tradição para os próximos anos.




