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Gabriel Sestrem

Gabriel Sestrem

Seja um pai melhor

Os quatro pilares essenciais da paternidade: saiba onde você pode estar errando

4 Pilares da paternidades
Homens atentos aos quatro pilares da paternidade criam filhos mais seguros, equilibrados e felizes (Foto: Freepik)

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Imagine uma mesa pesada, feita de uma bela madeira maciça de alta qualidade. Ela está vazia, sem nada. Essa mesa tem quatro pés, ou seja, quatro pilares bem distribuídos e firmes. Você decide tirar um deles – ela permanece em pé, mas fica instável. Se algo for colocado sobre a mesa, dependendo da posição e do peso, ela vai ao chão.

Agora você tira mais um dos pés da mesa – mas não qualquer um, e sim aquele que estava na diagonal oposta ao primeiro. Ainda assim a mesa se mantém em pé, mas agora está extremamente instável e um simples deslocamento de peso fará com que ela tombe facilmente.

Por fim, você decide estender uma toalha longa por cima da mesa para que ninguém perceba que ela está “manca”. Mas basta um pequeno objeto mais pesado ou um leve apoio sobre ela para que desabe, revelando que não tem os pilares necessários para se sustentar.

Assim, caro leitor que está na nobre missão de se tornar um pai melhor, é a criação de filhos. Há quatro pilares essenciais na paternidade: amar, prover, proteger e orientar. Mesmo cumprindo com diligência dois ou até três desses princípios, deixar apenas um deles de lado pode colocar tudo a perder.

Vamos falar brevemente sobre cada um deles, lembrando que não há uma ordem de importância: todos são igualmente necessários.

1. Prover

Do ponto de vista histórico, das primeiras civilizações, os homens eram responsáveis pela caça e pela defesa do grupo. Nós preservamos essa estrutura, mas a adaptamos para o nosso tempo. O homem caçador virou o homem provedor. Se antes tínhamos como missão caçar para trazer alimento à tribo, hoje ainda nos cabe conquistar a provisão por meio do trabalho, para sustentar nosso núcleo, ou seja, nossa família.

Tornar-se pai exige uma mudança de mentalidade em relação à responsabilidade financeira. Você precisa se tornar o melhor profissional possível – seja como vendedor, eletricista, empresário, servidor público ou qualquer que seja a área em que atue. Seu papel é garantir que sua família tenha o suporte necessário.

Não tem a ver com trabalhar o dobro de horas do que trabalhava, porque isso vai reduzir muito o tempo disponível para os filhos e comprometer outros pilares da paternidade. Tem, sim, a ver com desenvolver ao máximo suas habilidades profissionais e aprender a lidar bem com o dinheiro para dar o que sua família precisa.  

2. Proteger

Assim como o antigo caçador se tornou o provedor, o homem, que nas primeiras civilizações era responsável por proteger sua tribo contra grupos rivais e animais selvagens, hoje é o principal responsável pela proteção da sua família contra ameaças físicas, mas também outros riscos.

Essa proteção pode ser financeira, ao buscar meios para evitar que uma situação de limitação de recursos atinja sua família, mas também emocional, ao ser o porto seguro dos filhos para que se desenvolvam com o senso de segurança necessária.

Mas esse pilar inevitavelmente passa pela proteção da integridade física da sua família. Seus filhos precisam saber que eles têm alguém para protegê-los de ameaças e riscos.

Recentemente contei, aqui neste espaço, a história de um criminoso que molestou mais de 300 crianças e, depois de condenado, decidiu expor seus métodos. Ele confessou que se percebesse que o pai era uma ameaça, jamais abordaria a criança. Vale a pena conferir essa história.

Mexa-se, cuide da sua saúde, faça uma atividade física. Diminua o uso do celular, corte vícios e alimente-se melhor. Garanta que você esteja bem, saudável e em condições para defender sua família se um dia isso for preciso.

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3. Amar

Se é mais natural e instintivo a nós, homens, cumprir os dois primeiros pilares, é preciso dizer que os próximos podem parecer mais desafiadores para alguns.

Garantir aos filhos que nada falte e fornecer a devida proteção é o que conhecemos como amor paterno efetivo, enquanto o amor afetivo tem a ver com o beijo, o abraço, o elogio, as palavras de afirmação e o tempo passado com os filhos. Um pai precisa desenvolver conexão afetiva com seus filhos.  

A literatura científica tem cada vez mais mostrado a relevância da presença paterna ativa, por meio da conexão afetiva e de brincadeiras físicas, para o desenvolvimento socioemocional das crianças.

Lembre-se de que o amor paterno não pode ser omisso ou silencioso – amar tem a ver com demonstrar! Seu filho não pode apenas presumir que é amado. Ele precisa saber, sem sombra de dúvidas, que seu pai o ama e está ali para tudo.

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4. Orientar

O princípio paterno da orientação tem diferentes dimensões, que vão desde o ensino das coisas mais simples quando os filhos são pequenos – como andar de bicicleta e subir em uma árvore – à orientação sobre sociabilidade, finanças, espiritualidade e os primeiros passos na vida profissional, por exemplo.

Você talvez já tenha sentido isso, ou visto em filmes, ou ouvido de um amigo sobre a falta que faz não ter sentado com seu pai para conversar sobre questões importantes da vida. Felizmente não precisa ser assim com seu filho!

Aqui não estamos falando sobre transmitir opiniões apenas, mas sim informações claras e relevantes. Com o crescimento dos pequenos, muitas vezes você vai precisar estudar assuntos desconhecidos e se aperfeiçoar para ser um pai melhor preparado para orientar.

O equilíbrio de uma mesa é muito diferente de um tripé

Agora podemos voltar à metáfora do começo deste texto. A mesa, claro, é o seu filho. Se você retirar um ou dois pilares da paternidade, ele pode continuar aparentando que tudo está bem, mas será instável e quando os pesos da vida chegarem – e inevitavelmente vão chegar – não terá condições de se manter em equilíbrio e pode desmoronar.

Um pai que ama, protege e orienta, mas não provê, levará sua família a dificuldades. Se ele provê, protege e orienta, mas não demonstra amor, não vai desenvolver conexão afetiva e a relação será fragil. Alguns pais simplesmente não conversam com seus filhos, comprometendo totalmente o pilar da orientação, enquanto outros são bastante negligentes em relação à proteção.

Perceba que não estamos falando de um tripé, que ao ter um dos pés retirado, cai imediatamente. Uma mesa pode aparentar estar firme por longos anos até que um dia tudo seja colocado a perder.

Não importa se você manteve sua mesa “manca” até aqui. Se não conseguiu fazer um bom começo, ainda é possível fazer um bom final. Faça sua parte!

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