Greve é igual em todo o lugar…

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Vínhamos eu e Albari Rosa cedo para o Estádio Ellis Park, de carro. O trânsito, às 14 horas (aqui o jogo será 20h30)já estava infernal. As ruas foram bloqueadas a mais de dois quilômetros do estádio e o fluxo ficou apertado ao centro da cidade.
Mas isso tudo bem. Já estava na cara que ia acontecer – afinal, em um lugar onde é praxe estacionar carros nas calçadas por falta de espaço…

Mas quando estávamos chegando no Ellis vimos do lado do estádio um forte protesto. O pessoal usava roupas pretas e gritava algo que não ouvíamos, interrompendo a rua. Ficamos curiosos e voltamos depois.

A notícia não é tão nova: se tratava de seguranças contratados para o Mundial, que estavam de greve. O motivo: a empresa que terceirizou os serviços da Fifa prometeu 500 rands (algo como R$ 125 por dia), mas só estava pagando só 150 rands (R$ 37).
Quando chegamos lá, os manifestantes estavam presos dentro do prédio da companhia – uma tal de Stallion Security, um dos manifestantes escreveu no meu caderno, cheio de dedos para eu entender – cercados por policiais. Muitas fotos que tentarei postar depois, pois agora, a pouco tempo do jogo, isso aqui está um caos, e não consegui falar com o Albari.

Mas lá, até onde vimos, nada de violência.
Conversando com eles, descobrimos outra razão da revolta: a maioria havia assinado um contrato com os valores em branco.
É fácil se aproveitar de quem está no desespero. É triste também.

Aliás, esse país tem várias coisas parecidas com o Brasil, mas o que mais se aproxima, para mim, é a capacidade do povo tomar tanta porrada e continuar rindo.
Grande África do Sul. O Ellis Park também é agradável não fosse o frio e eu ter esquecido minhas luvas e toca no Brasil. Mas hoje vamos vencer fácil. Lá vai meu palpite: 3 a 0.

Sobre os seguranças, não sei como se arranjaram. Mas estavam decididos a não engolir mais essa. Quando perguntei o que fariam se não houvesse acerto, responderam: “Go home!”.
É isso aí.