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Uma das perguntas que mais ouço e recebo é “como uma cidade pode chegar a ser inteligente?”
Uma das perguntas que mais ouço e recebo é “como uma cidade pode chegar a ser inteligente?”| Foto: Joey Kyber / Unsplash

Uma das perguntas que mais ouço e recebo é “como uma cidade pode chegar a ser inteligente?”. A questão colocada não faz muito sentido se considerarmos que o status de cidade inteligente não é um ponto de chegada, uma conquista ou um carimbo de reconhecimento e aceitação. Tampouco faz sentido considerar que uma cidade está a 45% (p.e.) daquilo que se considera um status definitivo de inteligência de um padrão de cidade.

No fundo, uma cidade pode ser muitíssimo inteligente numa questão específica na complexidade natural do urbano, e muito menos inteligente em outras tantas questões. Ou ainda, pode ser admiravelmente inteligente num determinado período, sem ter sido num tempo anterior ou ainda sem a capacidade de se manter, portanto, não sendo num tempo à frente.

Com isso, quero afirmar que a inteligência de uma cidade se faz caminhando, evoluindo, planejando, conquistando e avaliando diária e cotidianamente.

Assim como numa pessoa natural, a inteligência não se dá por uma marca exclusivamente neurológica, que pode sim determinar habilidades, mas pelo uso, aprendizado, adequação e contextualização continuada dessa “bênção”, desse dom ou competência, regado de muito esforço e atenção.

Uma cidade inteligente é aquela que está em movimento, que se enxerga incomodada, provocada, motivada e orientada a ser melhor, a atender melhor, a ser mais querida, admirada e disponível para todos os que a consomem, sejam os habitantes, turistas, investidores, trabalhadores, enfim, qualquer um que se beneficie das conquistas cotidianas e seguidas de uma cidade viva e pulsante.

Também é aquela que consegue engajar e tornar participativo um conjunto sempre maior de habitantes e interessados, seja no desenvolvimento de uma cidadania colaborativa, produtiva, cívica e ética, seja na proposição e desenvolvimento de novas práticas e costumes de convivência, colaboração, construção e manutenção conjunta dos méritos dessa cidade.

Mas, partindo inclusive do ponto de vista de que as cidades são sempre complexas, e que os complexos são dinâmicos e imprevisíveis (ver este artigo publicado anteriormente nesta coluna), torna-se claro o desafio de ser sempre melhor, de não se contentar com uma conquista ou de se fixar em um único objetivo.

As cidades precisam ser provocadas. E as mais inteligentes sempre responderão às provocações sendo melhores, mais simples e, portanto, ainda mais inteligentes.

*Mauricio Pimentel é diretor de Sistemas e Inovação no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). Palestrante, professor de MBA, apaixonado por gente e por tecnologia.

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