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Ciclo de inovação
Para que o Brasil possa voltar a crescer no ritmo certo, acompanhando o ciclo virtuoso da tecnologia, é necessário que vários atores operem e cooperem em conjunto.| Foto: Ekaterina Pereslavtseva / Freepik

O ecossistema de inovação é o grande responsável pela democratização e pela facilitação de acesso a produtos e serviços que antes estavam restritos a uma parcela reduzida da população. Essas empresas revolucionaram o mercado, gerando um gigantesco impacto social e financeiro. Porém, quando acompanhamos o noticiário econômico, percebemos que há uma frustração com o Brasil. Já existe um consenso — tanto interno como externo — de que nosso país poderia estar aproveitando melhor essa onda de desenvolvimento, assim como outras nações têm feito.

Esse diagnóstico também não pode nos conduzir ao pessimismo. Longe disso: precisamos agir para recuperar o tempo perdido. E isso pode ser feito de duas formas. Primeiro, devemos fomentar o que chamamos de “ciclo de inovação”, no qual estão incluídos todos os agentes sociais, sejam eles privados ou públicos. Para que o Brasil possa voltar a crescer no ritmo certo, acompanhando o ciclo virtuoso da tecnologia, é necessário que esses vários atores operem e cooperem em conjunto.

No começo dessa cadeia está a academia, que deve ser fortalecida para formar os talentos, preparando-os para os desafios e as oportunidades do futuro. Depois disso, esses mesmos recursos humanos precisam se sentir confiantes para empreender, entendendo que há espaço para a criação e o desenvolvimento dos projetos. Em seguida, é fundamental que desenvolvamos a importantíssima figura dos investidores-anjo, que cumprem a decisiva missão de ajudar os empreendedores a concretizar suas ideias.

Nada disso é possível sem um setor público forte, assertivo e moderno, que atue com foco no crescimento econômico — e não dispersando energia em embates contraprodutivos, como estamos acostumados a acompanhar na nossa história política. Aos governos, cabe estar junto, ao lado, criando leis e estruturando incentivos para facilitar a abertura e a expansão dos negócios. Por último, necessitamos também do envolvimento das empresas e dos consumidores, que precisam comprar as ideias e adotar as tecnologias. Com esse ciclo completo e funcionando de forma harmônica, há um enorme espaço para o desenvolvimento do país, criando um ambiente fértil para oferecer oportunidades a todos.

O segundo fator para recuperarmos o tempo está relacionado à competitividade das inúmeras empresas e startups que já estão trilhando o caminho da inovação. É imprescindível que sejamos capazes de profissionalizar nossa habilidade de criar e capturar valor.

Muitas companhias de sucesso ainda não conseguiram captar que vivemos a era dos dados, em que saber ler o que os números nos apontam é fundamental para a saúde e a perenidade dos negócios. É alarmante que quem esteja tocando a máquina se sinta tranquilo ao fazer tudo “como sempre foi feito”, enquanto os players globais ganham terreno na nossa casa. Por quê? Simples: ainda não nos despertamos para a necessidade de saber ler melhor os cenários e entender o momento adequado para agir. E essa falha cobra um preço altíssimo.

Estamos diante de um cenário repleto de oportunidades, em que podemos conquistar um lugar de protagonismo mundial. Mas isso só será possível se todos os agentes sociais colaborarem entre si e se as nossas empresas entenderem que a forma como fazemos gestão precisa evoluir — e para já. A disrupção ancorada na tecnologia, como já percebemos em diversos países, só será possível por meio da colaboração e do entendimento do que os dados nos dizem. Está aí uma chance que não podemos desperdiçar.

*Cezar Augusto Gehm Filho é CEO da PipeRun e Anderson Diehl é Founder da Angel Investor Club e Founders Club.

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