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A tragédia em Realengo e os valores brasileiros
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AFP / Antonio Scorza
Atentado ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Antes de mais nada, uma menção importante ao post publicado na manhã de hoje pelo colega Rogério Galindo, no blog Caixa Zero. “No massacre do Rio, cada um vê os seus fantasmas”, sintetiza muito do que gostaríamos de dizer a respeito da tragédia de ontem em Realengo.

“O que conseguimos imaginar sobre a cena ocorrida dentro da escola pode ser ainda mais trágico. Acaba se transformando num daqueles casos em que todo mundo tem uma opinião”, escreve Galindo, que discorre acerca das diversas conjecturas discutidas ao longo de todo o dia de ontem, em diversos canais de comunicação, e termina seu ótimo texto de forma contundente: “(…) alguns comentários se transformam num triste vampirismo ideológico que, sinceramente, poderíamos dispensar”.

Não se trata, aqui, de simplificar as coisas. Em todo o país, todos estão consternados e assustados com o que aconteceu. Não há quem não seja solidário às vítimas e aos seus familiares. Misturam-se sentimentos de revolta e pena quando se fala do assassino. Mas as crianças estão mortas e nada vai mudar isso.

Quando se pensa no que poderia ter sido feito para evitar o massacre, a análise também é frágil. Como imaginar que, aqui no Brasil, pudesse acontecer um episódio assim, semelhante ao de Columbine, nos Estados Unidos, ou ao de Winnenden, na Alemanha (entre outros casos)? O Brasil, ontem, ingressou numa “modernidade esquisita”, conforme definiu a comentarista Lucia Hippolito na Rádio CBN, com a qual ninguém sabe lidar.

Sempre acreditamos que nossos valores eram diferentes dos cultivados em outros países e que, por isso, tragédias assim jamais aconteceriam por aqui. De acordo com estudo divulgado nesta semana, a imagem que o brasileiro faz de si é de “um indivíduo gregário, amigável, honesto, alegre e humilde”, consciente dos problemas sociais do país e com esperança de um futuro bom – muito embora “a baixa menção a valores como resolução de conflitos, inovação e aceitação de riscos deixe dúvidas sobre a maneira como o brasileiro pretende chegar a este futuro”.

De pronto, é uma imagem que contrasta com o perfil do jovem assassino de Realengo.

Em resumo, de acordo com a pesquisa, somos um povo que cultiva bons valores, maduro e otimista, mas em geral nossa atitude não costuma ser pró-ativa na prevenção e solução de problemas – quanto mais, de tragédias como essa. Esperamos não ter mais que nos deparar com um acontecimento tão triste. Pensando em sustentabilidade, certamente não é esse o mundo que queremos deixar para os nossos filhos e netos.

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