Márcia Cristina Moreira da Silva, de 40 anos, trocou o trabalho como empregada doméstica pela construção civil com o aquecimento do setor.
Gênero é um conceito formulado para tentar compreender como se organizam as relações sociais que se estabelecem entre os homens e as mulheres. E, ao contrário do sexo, que pode ser pensado como biologicamente constituído, o gênero será sempre uma construção social.
Assim, as formas como homens e mulheres comportam-se, exercem suas atividades, acessam conhecimento, poder, etc., estão relacionadas aos grupos específicos, de sociedades específicas, em momentos históricos específicos. Trocando em miúdos, as expectativas de comportamentos relativas ao que é ser homem e o que é ser mulher não são biologicamente determinados, não são universais e nem tampouco imutáveis.
Quando associamos as duas coisas, isto é, quando pensamos em gênero como algo derivado “naturalmente” do sexo biológico, criamos o suporte para as desigualdades sociais. Por exemplo: não podemos negar que há diferenças entre homens e mulheres, não é mesmo? Entretanto, não há porque ligar estas diferenças às desigualdades como as que encontramos no mercado de trabalho e nos salários pagos a homens e mulheres, ainda que estes desempenhem as mesmas funções.
Sim, homens e mulheres são diferentes e nisto não há nenhum problema. Ao contrário, as diferenças possibilitam, em geral, um enriquecimento muito grande para os grupos sociais. E, em última instância, podemos pensar que as diferenças são necessárias para a nossa manutenção, já que quando perdemos em diversidade, perdemos possibilidades de trocas importantes.
Mas toda esta positividade é afetada quando as diferenças existentes (e neste caso estamos pensando especificamente em diferenças entre os indivíduos) passam a ser pensadas como elementos que possibilitem alguma forma de valorização ou desvalorização dos indivíduos.
*Texto escrito por Samara Feitosa, educadora técnica do Projeto Não-Violência, ONG parceira do Instituto GRPCOM. (Confira o calendário dos cursos de capacitação oferecidos pela ONG neste segundo semestre!)
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