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Os sapinhos da montanha: bandeira para a conservação da Floresta Atlântica
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O Brachycephalus, coletado em Morretes, no litoral paranaense: biodiversidade endêmica corre risco de extinção.

Anuros são anfíbios conhecidos como sapos, rãs e pererecas. Os chamados “sapinhos da montanha” são pequenos anuros de um grupo de 16 espécies endêmicas (exclusivas) da Floresta Atlântica. Os sapinhos habitam exclusivamente as serras da Mantiqueira e do Mar; por isso são endêmicas desse bioma. As diferentes espécies desse gênero – cujo nome científico é Brachycephalus – vivem apenas no alto das montanhas e são andarilhas, utilizando o salto apenas como último recurso de fuga. Constituem, ainda, um dos menores grupos de vertebrados terrestres do planeta, medindo em média 12 mm de comprimento e apresentam em geral cores vivas – como amarelo, laranja e vermelho – e apenas três dedos nas mãos e nos pés. Outra peculiaridade, incomum aos demais anfíbios, é o desenvolvimento direto, ou seja, não há a fase de girino. Os jovens já eclodem do ovo completamente formados, e essa característica permite a reprodução fora do meio aquático.

Biodiversidade: patrimônio brasileiro que precisa ser preservado!

Das 16 espécies de sapinhos da montanha reconhecidas até agora, cinco ocorrem exclusivamente no Paraná. Até 2005, quatro delas eram totalmente desconhecidas pela ciência. Em um ambiente tão ameaçado e reduzido como a Floresta Atlântica, a descoberta de novas espécies só vem ressaltar a importância de se conhecer a biodiversidade a fim de traçar estratégias de conservação.

Hoje em dia, todas as propriedades têm o dever de manter sua reserva legal ou recuperá-la caso tenha sido desmatada. Pela proposta de alteração do código florestal, em debate no Congresso Nacional, as pequenas propriedades não precisariam mantê-la, abrindo um precedente para que grandes áreas sejam divididas e eximidas de possuir sua área preservada. O código atual também protege zonas vulneráveis, como a beira de rios, encostas e topo de montanhas, conhecidas como áreas de preservação permanentes (APP). Atualmente, estas áreas não podem ser ocupadas; mas com as alterações, seriam ameaçadas a reduções e as ocupações ilegais seriam multiplicadas.

Esta e outras eventuais alterações no código florestal brasileiro voltam a abrir um novo caminho de destruição dos ambientes naturais. A perda da biodiversidade – e de espécies como os sapinhos da montanha – é uma consequência imediata; haverá redução da água potável e diminuição da fertilidade do solo. Além disso, aumentariam as ocupações de risco, enchentes e deslizamentos, como as que aconteceram recentemente no Rio de Janeiro e aqui mesmo no Paraná – as áreas que mais sofreram as consequências das chuvas foram as desmatadas e ocupadas irregularmente.

Pelos sapinhos da montanha – e por todos nós também – é tempo de nos conscientizarmos definitivamente.

*Artigo escrito por Luiz Fernando Ribeiro, Professor de Genética e Evolução na Universidade Tuiuti do Paraná, instituição parceira do Instituto GRPCOM no projeto Ler e Pensar.

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