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Deus salve a Tainha!
| Foto:
Fernanda Ayres
Sua majestade, devidamente recheada, assada e guarnecida

Por Denis Nunes, Fernanda Ayres e Letícia Magalhães

Quando se chega à estação das barcas em Pontal do Sul, deve-se preencher uma ficha explicando o motivo da visita à Ilha do Mel. Entre os listados, um nos chamou a atenção: “pesquisa”. Nos entreolhamos e rimos, afinal, de certa maneira era esse o impulso de nossa ida. Como foi mencionado aqui no blog, está rolando a 18.º Festa da Tainha da Ilha do Mel.

Já na chegada perguntamos pela iguaria – a festança é no trapiche de Nova Brasília, um dos pontos de desembarque da ilha. Tristeza: “o movimento foi grande, pro almoço já acabou”. Bom sinal? À noite teríamos a prova.

Caminhadas e cervejas mais tarde, as felizes coincidências: “Rufem os tambores! Não há tambores…”, ecoava o mestre de cerimônias: estava aberto o concurso para a escolha da Rainha da Festa. Numa catwalk improvisada, a prévia da competição reuniu algumas petizes pequeninas, o que deu aquele tom “ó, que gracinha”, marejando olhos de mamães, titias e alguns papais.

Enquanto isso, combinando com o momento, atiçamos o apetite com uma porção de ovas (de tainha, é claro). Servidas à milanesa, sequinhas e numa porção generosa, ficam uma delícia temperadas com limão. Têm textura que lembra a gema do ovo de galinha bem passada. Combinou bem com a cataia que pedimos pra acompanhar.

“Agora, senhoras e senhores, vamos apresentar aos jurados as belezas locais que disputam o título de Rainha da Tainha!”, anuncia o MC. Enquanto ele apresentava os luminares que compunham o júri, pedimos a Tainha Recheada para dois – estávamos em cinco, mas nem todos pareciam dispostos a enfrentar o bicho.

(Pausa: exija, implore se preciso for, mas você não pode ir embora sem conferir a garçonete explicando o recheio da tainha: é um dos pontos altos do passeio.) Rapidinho, chega à mesa uma bandeja com o peixe inteiro, mais os acompanhamentos: arroz, salada, maionese e farofa. Com os olhos na paisagem, quem tinha dúvidas se esqueceu delas: os cinco nos atracamos à tainha, que logo virou espinhos e espinha. Serviu bem? Quase. Mas é certo que três pessoas se refestelariam alegremente com aquele prato.

Um passeio mais para fazer a digestão e caímos no forró – atração noturna da festa. Mudou o som, o espaço – as mesas deram lugar à pista de dança, espantando o frio –, a faixa etária e etílica dos convivas. E, fiel à etimologia popular (pretensamente, forró veio da expressão for all, para todos, em inglês), a balada praiana teve de tudo: reggae, rock, baião, sertanejo e a clássica Bicho do Paraná madrugada adentro.

Enquanto isso nossas rainhas continuavam por ali, exercendo suas majestades: uma, nos sonhos da adolescente recém coroada; outra, marinando na cozinha improvisada do trapiche de Nova Brasília. Ao lado, aliás, também permanecia um cartaz que nos havia chamado atenção e agora fazia mais sentido “Santa Casa – U.T.I.”. Numa explicação local: “É onde a gente cuida do povo que fica doidão”.

Curtiu? Ainda dá tempo. A 18.ª Festa da Tainha da Ilha do Mel segue até este domingo (29).

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