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Arquivo Gazeta do Povo
Arquivo Gazeta do Povo| Foto:

Enquanto as miragens eleitorais começam finalmente a se desmanchar, o pesadelo do Brasil real vai reaparecendo no cantinho da foto, suplicando aos eleitores: por favor, senhoras e senhores, não se esqueçam de olhar para mim no dia 7 de outubro!

As miragens confirmam: os candidatos que mais se destacam nas redes sociais são, definitivamente, os que mais se destacam nas redes sociais.

O pesadelo também confirma: o Estado brasileiro foi mesmo sequestrado por uma doutrina parasitária e a eleição presidencial é para decidir se a limpeza de 13 anos de aparelhamento vai continuar ou vai recuar. É só isso.

Veja esta cena: Carminha, a suprema presidenta, recebendo João Pedro Stédile, o sabotador de aluguel do PT, em defesa da candidatura do maior ladrão nacional. É ou não é mais emocionante que o cabo apocalíptico?

Pare agora de ler esses programas de governo de ficção científica e preste atenção ao seguinte: a sua vida depende das instituições do seu país, por menos que você queira acreditar nisso. E a cena acima mostra que elas estão doentes – contaminadas por 13 anos de inoculação populista.

Para o bom entendedor (que anda meio distraído), o encontro idílico entre Carminha e Stédile nem precisava ter ocorrido. O Supremo Tribunal Federal está jogando esse jogo há vários anos – e foi, sem a sutileza que não consegue ter, a última trincheira contra o impeachment de Dilma. Até invadir a soberania do Congresso o STF tentou.

Ou melhor: conseguiu – e a delinquência de Dilma só não foi salva pela corte máxima porque as ruas empurraram o Congresso para a decisão correta.

Se não fossem as ruas, aliás, os supremos companheiros teriam conseguido evitar a prisão de Lula. O teatro do habeas corpus – quem se lembra? – chegou a incluir a concessão de um “efeito suspensivo” que a defesa do ex-presidente sequer havia requerido. Contando ninguém acredita.

E o último e inevitável lembrete, para voltarmos à miragem eleitoral: José Dirceu, comandante comprovado (e condenado) dos maiores escândalos de corrupção da história, ativo líder do PT e de toda a teia populista da qual estamos falando, está soltinho da Silva, em plena corrida presidencial, com todo seu poder de articulação subterrânea garantido pelo STF.

Sabe a recessão horrenda que derrubou o seu poder aquisitivo? Pois é. Foi obra desse projeto formidável de ocupação da máquina pública com militantes disfarçados de samaritanos. O impeachment arrancou a cabeça do esquema, e várias instituições cruciais como Banco Central e Tesouro Nacional foram devolvidas à gestão independente (ninguém ali é do MDB), sem falar da Petrobras, resgatada do centro do escândalo fisiológico.

Foi assim que o Brasil saiu da recessão – apesar de toda a sabotagem eleitoreira que prossegue – e é sobre isso que o distinto público precisa pensar quando estiver a caminho da cabine eleitoral.

Veja que curioso: às vésperas do prazo fatal para registro das candidaturas, surge nova rodada de pesquisas de opinião indicando a liderança de Lula, o ex-presidente condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi, aliás, exatamente esse o argumento (?) do famoso habeas corpus de Favreto, o plantonista do PT na Justiça Federal, que tentou soltar o grande guia praticamente com uma hashtag “eleição sem Lula é golpe”.

Você deve estar explodindo de orgulho cívico ao constatar essa narrativa esperta prosperando entre formadores de opinião e sendo pauta de audiência tarja preta na presidência do Supremo.

O problema não é o PT, nem mesmo Lula. O problema é o truque – que sobrevive tranquilamente a eles. O truque de afetar supostas preocupações progressistas para montar na fabulosa máquina pública e viver disso. Acredite, é simples assim.

E há vários candidatos com o dedo nesse gatilho, não só os que se fantasiam de esquerda (termo, aliás, que não quer dizer nada, assim como direita também é um pastel de vento ideológico – e se você repudia essa falsa dicotomia, você não é isentão, apenas não é burro).

Repare os candidatos que surgem de banho tomado e cabelo molhado, chegados anteontem no planeta, dizendo que nada do que está aí serve, com exceção dos seus penteados bem cuidados. O penteado de Dilma também era impecável.

Esses paraquedistas são desonestos. Não precisam ter roubado. São moral e intelectualmente desonestos – o que dá no mesmo, ou pode ser pior. Como alguém pode defender reformas e saneamento fiscal ao mesmo tempo em que ataca quem está tomando essas mesmas medidas agora, no duro esforço do corpo técnico que está lá, nas instituições supracitadas, tentando corrigir o desastre petista?

Sim, isso está acontecendo. Não é um juízo de valor. Pergunte ao Google, consulte os indicadores. Mas os paraquedistas sabem que governo é estigma e não querem se despentear.

Fica a dica: quem prega a virtude e finge não vê-la nos outros, não quer ser virtuoso, quer ter poder.

Você tem 50 dias para identificar o candidato mais propenso a levar adiante a descupinização das instituições após 13 anos de parasitismo. Dá tempo.

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