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Janja da Silva: o namastê e o deslumbramento
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O cônjuge de um presidente da República não desempenha qualquer função oficial. Não recebe para isso. Homem ou mulher, a nomenclatura que adquire é advinda de seu parentesco. Ainda assim, pela proximidade com quem exerce o poder, tem status e benefícios, bem como certas responsabilidades institucionais inatas. Sua posição lhe exige decoro, prudência e discrição. É tudo o que falta para a atual primeira-dama. Janja da Silva, que se casou com Lula em 2022, esbanja inadequação e deslumbramento, inclusive para prejuízo do atual governo.

Na última semana, enquanto voluntários e equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros se desdobravam no esforço de encontrar desaparecidos e salvar pessoas em situação de risco nas áreas inundadas no Rio Grande do Sul, Janja voava para a Índia acompanhando o marido. Antes de embarcar, escreveu nas redes sociais que teria 20 horas para tuitar. A postagem contrastou com a agenda anterior do casal presidencial, que não teve um único minuto para visitar as vítimas de uma das maiores tragédias naturais da história do Sul do país.

Ninguém estava dançando em Muçum, ou em Roca Sales, cidades gaúchas que foram dizimadas pela água e pelo lodaçal.

Não sendo o bastante, já em Nova Dheli, Janja publicou um vídeo comemorando a chegada. Sorridente, apareceu fazendo “Namastê” e dizendo “Olá, Índia! Boa noite. Me segura que eu já vou sair dançando”. Ninguém estava dançando em Muçum, ou em Roca Sales, cidades gaúchas que foram dizimadas pela água e pelo lodaçal. Ciente do prejuízo político, a assessoria do Palácio do Planalto removeu o vídeo, mas não a tempo de evitar que circulasse pela web, gerando incontáveis memes.

Essa postura indiferente, quase que como a de uma blogueira sem noção da realidade, não é inédita. No início de 2023, quando chuvas castigaram o litoral norte de São Paulo, a primeira-dama não interrompeu sua participação do carnaval. Continuou sambando em Salvador. Naquela oportunidade, Lula foi até a região, mas a imagem dela fazendo festa em Salvador não foi bem recebida.

A alegação de que Janja não governa ignora o fato de que, por ser a esposa do presidente, não pode ficar à margem de situações dramáticas. É preciso decoro nessas horas, e saber que sua imagem está indelevelmente ligada a do presidente.

A primeira-dama vem sendo fanaticamente protegida e paparicada pela militância lulopetista. Críticas à sua conduta são respondias como expressões de “misoginia” e “machismo”, aquelas palavrinhas mágicas do dicionário ideológico identitarista que servem de escudo para qualquer coisa. Por sua formação como socióloga com especialização em história, alguns imaginam que Janja possa ser a Ruth Cardoso de Lula. Até aqui ela não conseguiu nem mesmo ser Dona Marisa, que não era intelectual, mas ao menos tinha senso de ridículo.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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