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Guilherme Macalossi

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Eleições

Mesmo com rejeição em alta, Lula é difícil de ser batido

Lula
Especialistas afirmam que popularidade de Lula pode sofrer novas quedas nos próximos meses. (Foto: André Borges/EFE)

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Nenhum outro político brasileiro tem a mesma capacidade de sobrevivência que Luiz Inácio Lula da Silva. Não é questão de predileção ou mesmo de opinião, mas de fato. Basta examinar sua trajetória dentro ou fora do poder para constatar que, que todas as vezes que enfrentou adversidades, Lula soube se reinventar ou capitalizar politicamente para virar o jogo. E acabou sendo bem-sucedido, seja por mérito próprio, seja pela falta de visão de seus adversários. Subestimá-lo é sempre um erro, principalmente quando parece derrotado.

Em 2006, quando disputou a reeleição contra seu atual vice, Geraldo Alckmin, Lula vinha também de uma severa crise de popularidade. Em boa medida porque enfrentava os efeitos da devastadora denúncia do Mensalão. O PSDB achou que a melhor estratégia era deixá-lo sangrando no cargo até que fosse facilmente derrotado nas urnas. Os tucanos não apenas saíram humilhados do pleito (Alckmin teve menos votos no 2º turno do que conseguiu no 1º), como a vitória do petista redefiniu seu próprio governo, fazendo ele se tornar ainda mais popular. Lula passou a hegemonizar a política brasileira, depois elegendo e reelegendo uma sucessora.

Se a direita achar que o jogo de 2026 já está jogado só porque o governo petista está perdido nesse momento, vai repetir o erro essencial de disputas anteriores

Talvez o momento mais emblemático a comprovar a resiliência de Lula é seu retorno ao poder depois de passar 580 dias preso pela Operação Lava Jato. Saiu da cadeia quase que diretamente para a Presidência. E, claro, muitos dirão que o malvado “sistema” conspirou para tanto, ou que uma urdidura do TSE fabricou números nas urnas para lhe dar a vitória. Isso, obviamente, é mergulhar no conspiracionismo, que leva ao autoengano e ao alheamento da realidade política, muito mais complexa do que fazem crer youtubers engajados.

Escrevi ainda em janeiro que “Lula vive o pior momento de seu terceiro mandato”, e que “que boa parte do desgaste está atrelada ao processo inflacionário nos alimentos”. Os números, principalmente no Nordeste, evidenciam uma deterioração de sua base eleitoral. A última pesquisa da Quaest mostrou uma nova elevação em sua rejeição, que chegou a 56%. Mesmo os mais obtusos apoiadores de Lula sabem que a dificuldade é tremenda, e que a reeleição está sob risco. Mas pesquisa de aprovação é diferente de intenção votos.

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A própria Quaest mostra um Lula inda muito competitivo nas simulações dos cenários eleitorais para 2026. Empataria com Bolsonaro com 44% a 40% respectivamente, e venceria todos os demais nomes identificados com a direita política. Venceria Michelle Bolsonaro por 44% a 38%, Tarcísio de Freitas por 43% a 37%, Ratinho Júnior por 42% a 35%, Pablo Marçal por 44% a 35%, Eduardo Bolsonaro por 45% a 34%, Romeu Zema por 43% a 31% e Ronaldo Caiado por 44% a 30%.

Mesmo enfraquecido, Lula ainda é o melhor candidato de seu próprio campo. A oposição, por sua vez, parece ainda não capitalizar em cima dos problemas do atual governo. Está perdida em uma pauta que não encontra eco na massa. Se a direita achar que o jogo de 2026 já está jogado só porque o governo petista está perdido nesse momento, vai repetir o erro essencial de disputas anteriores, restando a ela, depois de uma nova derrota, reclamar das urnas eletrônicas.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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