
Ouça este conteúdo
Acabou para Eduardo Bolsonaro. Sua missão internacional nos Estados Unidos redundou em fracasso total. E alguém poderia imaginar que o resultado seria outro? Os encantadores ideológicos garantiam que sim, como garantiam, outrora, que uma intervenção militar estava por vir. Bastava aguardar um pouco. Ilusionistas, caçadores de likes, vendedores de falsa esperança, comerciantes de ouro de tolo. Cheguei a questionar aqui na coluna se alguém ainda acreditava nas promessas de Eduardo.
Os sinais do que se prenunciava vinham desde o primeiro encontro entre Donald Trump e Lula, que pegou o bolsonarismo com as calças nas mãos. No final de novembro de 2025, quando o governo americano isentou parte dos produtos brasileiros das tarifas que lhes haviam sido impostas, o filho 03 correu para as redes sociais ansioso em negar que isso fosse resultado de qualquer negociação. “É preciso ser claro: a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito na retirada parcial dessas tarifas de hoje”, escreveu.
Por mais de uma vez, Eduardo garantiu que Trump não recuaria. Que as sanções políticas se manteriam e que as negociações entre EUA e Brasil não dariam em nada. E agora, Eduardo? Qual será sua próxima teoria para a retirada da Lei Magnitsky sobre Alexandre de Moraes? Já há um ensaio retórico em curso – a culpa é de todos que não se mobilizaram como deveriam.
A Lei Magnitsky, vista como ato derradeiro para dobrar o sistema, não teve o efeito esperado. Ela só daria resultado se aplicada na sua total extensão, com sanções adicionais a serem impostas às empresas que mantivessem vínculos com os sancionados. A não ser em lives repletas de devaneios e promessas revolucionárias, isso nunca teve a menor chance de se concretizar. Ainda mais considerando a importância econômica local do Brasil, inclusive do ponto de vista financeiro. E teve gente que acreditou que o país seria cortado até mesmo do Swift.
Trump retirou a Magnitsky contra Moraes, bem como parte das tarifas sobre os produtos brasileiros. O STF, por sua vez, não fez qualquer revisão de suas próprias decisões. Se havia um conflito nesse contexto, o vencedor foi a Corte. Na sua aposta geopolítica, Eduardo Bolsonaro disse que teria ou 100% de vitória ou 100% de derrota. Eis a derrota consolidada. Os tic-tacs caíram no vazio.




