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(Foto: Luis Robayo/ AFP)
(Foto: Luis Robayo/ AFP)| Foto:

No Brasil, registram-se mais de sessenta mil homicídios por ano. Números de fazer inveja a zonas de guerra. Desses tantos homicídios uma ínfima parte é solucionada; uma parte ainda menor resulta em punição.

Não é intriga das esquerdas, por outro lado, o fato de que a polícia no país é das mais violentas. Está entranhada na força policial, em suas práticas e costumes, uma disposição para a violência, para a violação, para o abuso, que não deveria ter lugar em países que se pretendem civilizados.

Em contrapartida, no Brasil, matam-se policiais feito moscas: aos montes e sem o menor sinal de comoção de jornalistas, autoridades e audiência. O crime organizado, cada vez mais organizado e mais poderoso, se aproveita da indigência com que é tratada a carreira policial, com a falta de inteligência e respaldo, e de duas, uma: corrompe quem é corruptível, ameaça e executa quem não o é.

Em meio a esse cenário não exatamente animador, Gleisi Hoffmann, regurgitando irresponsabilidade, declara sem pensar duas vezes – ou, o que é pior, pensando muito bem mais de uma vez:

Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar.

O problema é esse: petistas não falam “sem pensar”. Eles pensam, pensam, pensam e só conseguem falar esse tipo de coisa.

Não é a primeira, nem a segunda e não será a última vez que a presidente do “partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam” (Roberto Campos) convoca os militantes à guerra, à luta armada, à desforra, ao sangue, ao suor e às lágrimas. A espetacularização do julgamento de Lula, ao contrário do que dizem os petistas, interessa a Lula.

Lula, se fosse julgado como homem comum, já estaria organizando greves dentro da prisão por causa da mistura. Porém, Lula é Lula, não pode ser julgado como homem comum: ele, que já se comparou a Jesus Cristo, que já declarou admirar a “força de Hitler”, que é amigo de ditadores e de banqueiros, de pacifistas e de empreiteiros.

As ameaças e o narizinho empinado, literal e metafórico, dos líderes do PT, o desprezo pelos trâmites processuais e pelas regras do jogo, o desembaraço com que Lula se declara candidato mesmo se confirmada sua condenação – tudo isso, enfim, somado às escandalosas evidências de corrupção estrutural e epidêmica, deveria fazer com que o lulopetismo fosse tratado com a mesma urgência com que hoje tratamos a febre amarela: doença de países periféricos, perigosa demais para ser ignorada, vergonhosa demais para ter direito à existência.

 

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