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Paul Hogan em cena do filme "Crocodilo Dundee", de 1986
Paul Hogan em cena do filme "Crocodilo Dundee", de 1986| Foto:

O festivo jantar da comitiva brasileira em Washington serviu como resumo dos poucos encontros e dos muitos desencontros entre a razão e a sandice, o institucional e o carismático, o pragmatismo e o popularesco.

À mesa, um desajeitado presidente elogiava um apavonado ideólogo, que por sua vez se derretia ante um defenestrado marqueteiro, que a seu modo atacava o vice-presidente de um país que não é o dele.

Bagunça generalizada, cenas lamentáveis, imagens, quero imagens.

Paulo Guedes, fiador intelectual do governo, destacou-se ao discursar sobre as infalíveis medidas econômicas que, se Deus for mesmo brasileiro, e olha que há controvérsias, passarão no Congresso. Por via das dúvidas, bateu ponto na sincera, irrestrita, indivisível, inadiável, irreprimível admiração ao filósofo sentado à direita do pai. Do Bolsonaro pai, registre-se.

Deus lá de cima só observa.

Steve Bannon, com aquela cara de corretor de imóveis que perdeu a licença, percebendo a caipirice circundante esbanjava toda a credibilidade que ora não tem, depois de romper com – ou, mais precisamente, ser rompido por – Donald Trump.

Ernesto Araújo e seus pintainhos ideológicos tiram selfie com o savoirfaire do Crocodilo Dundee em Nova York.

Por aqui, Mourão assiste a tudo com a resiliência dos militares e a paciência dos Budas. Não sei o que tem pensado, para além do que fala à imprensa, mas contentinho não deve estar. Onde foi amarrar seu quepe.

Regina Duarte, ex-namoradinha do Brasil e atual paquerinha do governo, pede o fim do STF.

O STF pede o fim da picada.

A rede chapa-branca clama pelo fim da imprensa.

Os movimentos que chacoalharam Dilma não sabem direito o que chacoalhar agora, nesse estado yin e yang, inside and out, a favor e contra em que se encontram – ou, mais precisamente, em que se perdem. E perdem relevância.

Zé de Abreu se proclama presidente e, consideradas todas as coisas, nem me surpreende.

Mais um pouco e o presidente se proclama Zé de Abreu, já que sua carreira política ganhou projeção mesmo na tevê.

Sentido nada tem feito, ordem nem sinal, progresso far far away, mas que está engraçado está.

O Brasil é um país único. Ainda bem.

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