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Autocrítica do PT? Isso non ecziste
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FHC cobrou autocrítica dos partidos tradicionais, quase todos envolvidos na Lava Jato, “começando pelo PT”. O PT, por sua vez, esboçou um movimento nessa direção, deu uma ensaiadinha, mas depois de longos, tediosos, inúteis, mentirosos debates e deliberações, o Diretório Nacional da quadrilha, minto, do Partido, retifico, da quadrilha mesmo, decidiu fazer a crítica da autocrítica e, no fim, terminar criticando os outros e inocentando a si mesmo.

Desde os primeiros crimes cometidos já em 2005, quando estoura o Mensalão, não há semana sem que alguma figura política ou jornalística cobre do PT a tal da autocrítica. Até eu já fiz isso. Desisti. Não apenas desisti, como torço para que o PT continue igual a si mesmo e não se negue nunca mais. Primeiro, porque já perdeu o direito de se arrepender. Segundo, porque não tenho nobreza suficiente para um dia admitir: “O PT melhorou”. Sou vingativo. Que continue do jeitinho que é.

Não haverá autocrítica do PT porque não há reconhecimento de erros ou de crimes, e só pode pedir perdão quem se arrepende dos pecados cometidos, o que não é o caso. No fundo, no fundo, o Partido se orgulha do que fez e, tenho certeza, faria tudo outra vez. A campanha das últimas eleições deixou isso claro.

Os mercados, o mainstream, a academia, a velhinha de Taubaté – todo mundo queria um aceno, um gesto, uma piscadela do Fernando Haddad ao centro político (não necessariamente ao Centrão político). Que se descolasse do Lula, que escanteasse Gleisi e Dirceu, que mostrasse que nem todo petista é bandido consumado, ou cúmplice de bandido consumado, ou pupilo de bandido consumado. Ou, pelo menos, idiota. Em vão.

Fernando Haddad, como legítimo e vocacionado poste, fincou posição e nela permaneceu. O PT se reorganizou em torno de Lula, e Lula se reorganizou em torno de si mesmo. Como sempre, preocupado antes com os próprios interesses, que com os do Partido; preocupado antes com os interesses do Partido, que com os do Brasil. As resoluções aprovadas nesse Diretório colocam no papel o que estava na mente, e a boca fala daquilo que o coração está cheio: para o PT, fazer autocrítica é reconhecer erros, e reconhecer erros é reconhecer crimes. Isso está fora de cogitação.

Sendo assim, deveria estar fora de cogitação a existência do Partido como opção política para os próximos anos, se não no âmbito da Justiça Eleitoral, ao menos no da preferência do eleitorado. Mais do que o PT, quem deveria fazer minuciosa e dura autocrítica é seu eleitor; não aquele eleitor-militante, que pega a mulher na cama com o amante e coloca a culpa na cama; mas aquele eleitor que se movimenta de um lado a outro, sem muita ideologia, sem muita convicção nem juízo, que votou no PT porque lhe parecia razoável. Não há mais nada de razoável, certo? Certo. Sonho com o dia em que o PT entrará para os livros escolares na condição de folclore: de Saci, de Boitatá, de Curupira. Ninguém acredita de verdade na autocrítica do PT: desistam, desistamos, acabou, chorare. Isso non ecziste.

 

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