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Reprodução| Foto: Reprodução/Twitter

Yeah! Yeah!

No evento dominical que já vai se tornando parte do calendário golpista, o imperador Jair Bolsonaro aparece à sua própria multidão para ter seu próprio nome celebrado.

Ave, Jair!

Desta vez, o bobo convocado às pantomimas foi o ator conhecido como Paulo Cintura, participante da Escolinha do Professor Raimundo. Alegrou-se “com essa festa maravilhosa” e puxou seu bordão... adaptado: “Bolsonaro é o que interessa, o resto não tem pressa!”.

O resto – que não tem pressa – já passa de 7 mil mortos. Mas prossigamos.

No cardápio retórico da semana, arroz-com-ideologia bem-feitinho, para matar a fome de autoritarismo da patuleia: ataques às instituições, à imprensa, à democracia e a todo e qualquer vivente que ouse atrapalhar seus planos. Sérgio Moro, por exemplo.

Ataques, registre-se, menos retóricos e mais factuais. Que muitos eleitores e todos os colaboradores de Bolsonaro rezem pelo fim do jornalismo, nós já sabíamos; mas alguns deles, e não são poucos, rezam pelo fim dos jornalistas.

A violência deixa de ser simbólica para ser material.

Verdade seja dita, agressão a jornalista não é fato novo ou exclusivo. O PT tem histórias nada honrosas a contar. Nas manifestações de 2013, radicais de esquerda também agrediram jornalistas. Um deles foi morto:  Santiago Andrade. Por 20 centavos?

O que Bolsonaro e seus apoiadores têm feito de novidade é aumentar a voltagem da violência, torná-la sistemática, praticá-la sem pudor nem hipocrisia. O que antes, noutros partidos ou movimentos, era acidente, agora é substância. Os camisas-amarelas nem tentam esconder as intenções ou elaborar qualquer discurso, com o incentivo ou a vista grossa, grossíssima, de seu líder.

O líder afirmou ainda que não aceitará “interferência” em seu governo, pois “acabou a paciência”. Mas não ficou nisso. Garantiu que está com as Forças Armadas e as Forças Armadas estão com ele, minto, com o povo.

Súbito, virou constitucionalista: “Faremos cumprir a Constituição. Será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla mão. Não é só de uma mão, não”.

Pois bem.

Se quisesse mesmo ver cumprida a Constituição, faria o contrário do que faz, falaria o contrário do que fala, seria o contrário do que é. De preferência, renunciaria. Eu até aceito que se aposente com rendimentos gordos para que não faça nada, rigorosamente nada, desde que me prometa não fazer nada, rigorosamente nada, como nos primeiros e esquecíveis 27 anos de vida pública.

Além disso, importa lembrar que a Constituição não tem duas mãos. Só tem uma: a do império da lei. A da separação de poderes. A da contenção do poder. A da limitação do arbítrio. A da democracia.

Os eventuais ataques ao espírito e à letra da Constituição, venham de onde ou de quem vierem, devem ser tratados com as armas de que a própria Constituição dispõe. Nunca, em hipótese alguma, de fora dela. Seja do povo, das ruas, do partido.

A história do fascismo tem uma pré-história. Colaboradores respeitáveis. Financiadores ocultos. Intelectuais que preferem aderir a rejeitar. Gente comum que olha para o lado e faz de conta que não vê o que vê.

Issaaa!

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