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Crédito: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
Crédito: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo| Foto:

Nicolás Maduro determina o fechamento do espaço aéreo da Venezuela, depois de ter fechado as fronteiras. A ajuda humanitária é recebida a bala. A população se vê refém da tirania chavista. Não há mais ninguém que defenda o ditador, certo?

Errado.

Sempre podemos contar com Guilherme Boulos, deus ex machina do ativismo ignorante. Se você acha que certas soluções de enredo são marmelada, se você acredita que o vilão não poderia nunca ter aguentado tantos tiros e continuar lutando, pense em Guilherme Boulos. Ele é capaz de tudo para justificar o injustificável. Ele é um vilão de história em quadrinhos. É um antagonista de filme gore.

O líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto está sempre fora da casinha. Dias atrás, foi entrevistado por Rafinha Bastos. Bobagens pra cá, chavões pra lá, enfim a conversa estacionou na ditadura venezuelana. O entrevistador pergunta, retoricamente, se Boulos ainda é capaz de defender o regime. O entrevistado responde, eristicamente, que não concorda com os “erros”, mas que nem tudo é o que parece.

Há sempre uma adversativa para contextualizar quaisquer adversidades.

Rafinha Bastos insiste, quase implora, para que o ideólogo reveja seus conceitos ou sua falta de conceitos. Em vão. Boulos tergiversa, faz careta e afirma que o governo de Maduro errou, mas a oposição também errou; que de fato comete excessos, mas a oposição matou gente; que a saída tem de ser democrática e negociada.

Pondero: tudo o que Boulos fala sobre governo e oposição na Venezuela poderia ser usado para justificar o regime militar brasileiro. O governo cometeu excessos, mas a oposição matou gente; o governo errou, os guerrilheiros também erraram; a saída tinha de ter sido democrática e negociada.

Nem precisamos ir tão longe. É sintomático que o líder do PSOL arrume jeito de desculpar, contextualizar, explicar, filosofar sobre os crimes cometidos por Nicolás Maduro e, ao mesmo tempo, se escandalize com os crimes que não foram cometidos por Jair Bolsonaro. O fascismo em ato, na Venezuela, é marola. O fascismo em potência, no Brasil, é tempestade.

Por essas e outras afirmo: o fascismo não está à direita ou à esquerda. É um estado de espírito, e sopra onde quer.

Nem tudo é perdido, entretanto, e do mal se tira o bem. Guilherme Boulos é um exemplo que deveria ser apresentado às crianças e aos jovens, do ensino fundamental ao médio. Crianças, jovens, prestem muita atenção nele. Observem com paciência de entomologista cada uma de suas expressões faciais. Anotem seus argumentos, suas respostas, suas referências. Tentem apreender seus gestos, a mecânica de seus movimentos, o tom da sua fala, os tiques. Como dedicados alunos de Stanislavski, incorporem o boulismo.

Em seguida, vomitem. Façam e pensem tudo ao contrário. Não tem como errar.

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