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“Eu vejo o futuro repetir o passado/ Eu vejo um museu de grandes novidades”
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Se em 1989 tínhamos Lula, em 2018 teremos Lula. Se então tínhamos Collor, teremos Collor. Se havia Brizola, há Ciro Gomes. Se Enéas tinha um minuto, Bolsonaro terá um minuto. Que Fernando Collor tenha anunciado sua candidatura é, mais do que sintoma da degenerescência política brasileira, o fechamento do arco dramático a que chamamos com muito boa vontade de “democracia”. A política nacional é como série de tevê reprisada, quando já não incomodam os spoilers porque sabemos como tudo começa e, principalmente, como tudo termina.

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O desocupado e nas horas vagas economista Richard Faulhaber, 62 anos bem desperdiçados, começou greve de fome no dia 10 de janeiro, num ato de, segundo ele, “declaração de amor e solidariedade a Lula e ao povo brasileiro”. Vamos por partes. Tive a sorte de não nascer Luiz Inácio (obrigado, Deus!), mas a nem tanta sorte de nascer brasileiro (“Pai, Pai, por que me abandonaste?”). Como brasileiro nato e irrecuperável, dispenso o amor e a solidariedade do meloso economista. Ele que derrame amor pras petistas dele. Não obstante, sobre a greve de fome, acho uma graça e, mais do que graça, piada: se ele quer mesmo fazer greve de fome, basta esperar pacientemente pela ditadura do proletariado. Nem precisa se esforçar tanto.

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Sérgio Fausto, cientista (risos) político, disse à BBC Brasil, no dia 17 de janeiro, que Lula e Bolsonaro não estão no mesmo patamar. Cito: “O Bolsonaro é um sujeito que ultrapassa todos os limites da convivência democrática equilibrada”. No dia imediatamente anterior, 16, Lula declarava placidamente, com o equilíbrio costumeiro: “Trabalhem pra eu não voltar. Porque se eu voltar vai haver uma regulação dos meios de comunicação”. Sérgio Fausto está certo: Lula já foi presidente duas vezes, mesmo ultrapassando todos os limites. Bolsonaro ainda não conseguiu. Não estão (por enquanto) no mesmo patamar.

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Pensando bem, numa coisa estou de acordo: Jair Bolsonaro não é o Lula da direita. É a Dilma Rousseff da direita. Ambos inarticulados em seu autoritarismo. Quando penso num governo Bolsonaro, não penso num governo Lula; penso num desgoverno Rousseff. A conferir.

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2018 é o novo 1989

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