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Foto Gazeta do Povo
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Se a universidade brasileira não existisse (existe?), precisaria ser inventada. Onde é que iríamos encontrar realismo fantástico com tamanha abundância?

Certo estudo de cientistas sociais resultou num livro cuja tese é mais ou menos a seguinte: a diminuição da desigualdade no Brasil provocou a reação conservadora que ora vivemos.

Por “diminuição da desigualdade” entenda-se: o aumento da renda média das classes mais baixas e relativa inclusão social. Isso teria irritado muito aquelas pessoas abastadas que somos nós, a “classe média fascista”, como berraria Marilena Chaui, e também a classe mais alta.

Por “reação conservadora” entenda-se: todas as pessoas más, sentadas em tronos de ouro, chicoteando serviçais, lendo Gustavo Barroso, que pedem a cabeça de presidentes.

Essa diminuição da desigualdade teria acontecido, claro, nos governos de esquerda, tudo melhorou muito, “mas também sob outros governos”, porque o pessoal combinou que a democracia não sobreviveria sem redução de pobreza e desigualdade. Para não explodir tudo, vamos matar a fome dos populares.

Ok.

Daí, de repente, “há evidências de que esse consenso já não existe. A sociedade brasileira está muito dividida com relação à inclusão”.

Em suma: o pessoal cansou de ser legal, deu de ombros para a democracia e resolveu ser asshole de novo.

De acordo com a pesquisadora do Departamento de Ciência Política da USP, Marta Arretche, que por sua vez está de acordo com o estudo, que por sua vez não está de acordo com nada que preste, como vivemos numa sociedade perversamente estratificada, nós que ganhamos meia dúzia de caraminguás a mais queremos que os que ganham meia dúzia de caraminguás a menos morram morram morram.

F*** you, underclass!

Se a moça que faz faxina aqui em casa tiver uns direitinhos, meu reinado acabará. Tenho de oprimi-la direito. Nada de abrir a geladeira nem de mudar a ordem dos meus livros.

Ela não entende que essa sociedade é estratificada, preciso explicar novamente.

Enquanto isso, existe uma coisa chamada Departamento de Ciência Política da USP, universidade deficitária, que atende os filhos da classe média fascista, que por sua vez publicam, aspas, estudos, aspas, científicos em coisas como Agência Fapesp, para dizer que nós aqui somos maus e eles são legais metendo a real na nossa cara.

Ahan, Cláudia, senta lá.

*

E o “curso sobre o golpe”, oferecido em universidades públicas, científico e utilíssimo: custa dinheiro e tempo de professores que deveriam estar trabalhando de verdade, ou isso entra na categoria da liberdade de culto?

*

Quem rejeita o petismo se vê tentado a dar explicações:

“Não tenho bandido de estimação!”

“Também desprezo Eduardo Cunha!”

“Quero todos os políticos presos!”

“Devolvi a jarra d’água vazia na geladeira por preguiça de encher!!!”

Temer, Cunha, Sarney, Collor, Calheiros, Maluf, Neves etc: nesses longos anos desde aquela primeira eleição de Lula da Silva, todos foram aliados, articuladores, cúmplices, sócios, laranjas, bodes expiatórios, parentes próximos do lulopetismo.

Rejeitar o PT não é apenas rejeitar o petismo. É rejeitar o que há, o que sempre houve, de pior na política nacional.

O PT não é só o lixo. É também a lata.

 

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