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Como diz Gideon Lichfield, ex-correspondente da Economist em Israel, você não precisa saber árabe ou hebraico (ou inglês) para entender esse vídeo. Devido ao impendimento da imprensa de entrar em Gaza, o ginecologista palestino Izzedine Abu al-Aish, que trabalhou e aprendeu a profissão em hospitais israelenses, tornou-se uma espécie de correspondente de guerra para um canal de tevê de Israel. No vídeo abaixo, ele fala logo após sua casa ter sido alvo de um ataque. Três de suas oito filhas morreram. O Exército israelense alega ter reagido a disparos feitos do local.

É a parte mais horrível de qualquer guerra: a morte de inocentes. Ninguém deve ser ingênuo a ponto de imaginar que civis não morrerão em uma guerra. Tampouco deveríamos ignorar o fato de que há guerras moralmente defensáveis. Mas são cenas (e áudios) como as do vídeo abaixo que fazem pensar se essa última foi uma das que valeram a pena o sangue derramado.

Há pouco, a cúpula de segurança de Israel decidiu adotar um cessar-fogo unilateral. Se é unilateral, claro, não houve acordo com o inimigo (e provavelmente isso nem é possível — não com o Hamas atual). Nesse momento, é difícil imaginar que não haverão mais confrontos pela frente. Mais difícil ainda é acreditar que o Hamas “aprendeu uma lição” com esse conflito. Como diz Jeffrey Goldberg, a ideia de que o Hamas pode ser bombardeado e se tornar mais moderado é falsa e perigosa. Muito pelo contrário, acho, a crença desse grupo de que Israel deve ser destruído se fortalece com as bombas. No curto prazo, sem dúvida, os cidadãos israelenses estarão mais seguros. Mas e no médio e longo prazo?

A melhor saída agora é incentivar o Fatah a ganhar credibilidade em Gaza e torcer para que o Hamas perca apoio entre os palestinos até que se torne irrelevante. Quais as chances de isso acontecer? Impossível prever. Conflitos entre os inimigos mais implacáveis já chegaram ao fim antes. Mas, hoje, uma velha piada que corre no Oriente Médio parece fazer todo o sentido: a solução mais realista para o conflito israelo-palestino é que Deus desça dos céus e faça a paz.

Enquanto isso, que os al-Aishs da vida se mantenham à salvo.

Para ver o vídeo sem a edição da Al Jazeera — apesar de eu não entender uma só palavra, muito mais perturbador –, clique aqui. No Youtube só encontrei esse abaixo:

[via fugitive peace]

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